Babá

Nós decidimos não ter babá, e foi uma decisão pouco racional e muito intuitiva. Nós não fizemos contas para ver se o salário de uma babá caberia no orçamento nem ficamos discutindo as vantagens e desvantagens desse serviço. Eu simplesmente não quis uma babá comigo o dia todo, já que iria tirar licença maternidade e teria tempo para cuidar dos nossos filhos sozinha. Fiquei com medo de perder minha privacidade, de ficar cansada por ter que conversar 8 horas por dia com uma pessoa até então desconhecida, de não concordar com alguma coisa que ela ensinasse para os bebês. E também nunca me fez falta.

Claro que algumas vezes eu não pude ir a alguns compromissos porque as vovós não puderam ficar com eles. Também aprendi que é muito difícil levar os dois sozinha nas consultas médicas e, ao mesmo tempo, não deixá-los destruir o consultório e prestar atenção no que o médico estava falando. Mas na grande maioria das vezes nós conseguimos nos virar bem. Não dá para fazer as compras do mês, mas sempre que preciso de meia dúzia de coisas levo os dois comigo ao supermercado. Eles me acompanham quando preciso levar o Fidel ao pet shop e já arriscamos alguns almoços fora com os amigos da mamãe durante a semana, enquanto papai trabalha.

Essa semana fui à clínica onde os brigadeirinhos farão fonoaudiologia e terapia ocupacional para uma conversa inicial. O objetivo era contar a história deles e principais etapas do desenvolvimento para as terapeutas, para que elas pudessem preparar as sessões dos dois. À noite o papai quis saber tudo sobre a conversa – sorte nossa que temos um papai super participativo que quer se envolver em tudo! E contei para ele que, além de tudo o que sabemos sobre a vida deles antes de chegar à nossa família, falei tudo o que aconteceu com nossos filhos depois que vieram para casa: como cada um deu os primeiros passinhos, as palavras que cada um já fala e quais fonemas são mais fáceis para eles, que tipo de alimento é mais difícil mastigar, o que gostam de comer, como se comunicam, os gestos que já aprenderam, que tipo de brincadeira gostam mais, como reagem às broncas e frustrações, como dormem, como acordam, o que já tentam fazer sozinhos, quando acho que estarão prontos para o desfralde etc. Meu marido me interrompeu com um “como você lembrou de tantos detalhes?”. E aí eu parei e fiquei muito feliz. Porque eu tirei licença maternidade para me dedicar em tempo integral a eles e fiquei satisfeita por ter realmente prestado atenção neles. Fiquei satisfeita por ter trocado fraldas, escovado os dentes, cortado as unhas, colocado para dormir, dado comida, dado banho, acompanhado as febrinhas e por ter ficado brincando e cantando com eles no chão da sala quase todos os dias. Não dá para saber o quanto disso tudo eu teria dividido com uma babá e talvez eu não tivesse perdido nenhum detalhe mesmo assim. Mas não ter ajuda constante me deixou muito próxima deles e tenho certeza que isso foi importante para nossa família.

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4 pensamentos sobre “Babá

  1. Eloane disse:

    Que legal! Um privilégio, pra você e pra eles!

  2. […] tenho babá para me ajudar a cuidar dos brigadeirinhos, como contei aqui, e nossa faxineira vem somente duas vezes por semana. E quando comentam como deve ser difícil e […]

  3. […] é um exemplo de situação que, para mim, exige praticidade. Tenho gêmeos de dois anos e nenhuma babá, o que faz o processo acordar-tomar banho-ficar pronta para trabalhar-arrumar dois bebês para […]

  4. […] minha licença maternidade, eu escolhi não ter uma babá. Na época, eu mal tinha ajuda em casa, apenas uma moça que ia duas vezes por semana. Ou seja, […]

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