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Nossa filha não é uma princesa

É comum as pessoas perguntarem qual o nome da boneca preferida da nossa filha e ela não entender nada. Deixa eu explicar. Nós temos bonecas em casa. Temos bonecas, jogos de chá e panelinhas, mas também temos carrinhos, caminhõezinhos e uma porção de brinquedos de encaixar, montar, empilhar. Enfim, nossos filhos têm brinquedos que toda criança na idade deles tem. Só que aqui em casa brinquedo não tem dono, por dois motivos que são importantes para nós. O primeiro deles é que eles precisam aprender a compartilhar, e nós definimos que brinquedos são coisas totalmente compartilhadas. Eles têm suas próprias coisinhas para preservar a identidade de cada um, como roupas, objetos de higiene pessoal, copinhos e por aí vai, mas dividem os brinquedos, esperam o irmão terminar de brincar, emprestam, brincam juntos. O segundo motivo – e muito mais importante – é que nós não queremos classificar brinquedos como brinquedo-de-menina e brinquedo-de-menino. Não existe isso em casa.

Por aqui, mamãe e papai trabalham, o papai cozinha bem melhor que a mamãe, e os dois são capazes de fazer qualquer coisa relacionada a cuidados com bebê e com a casa. Nós dois dividimos absolutamente todos os cuidados com os bebês e os bebês brincam exatamente das mesmas coisas e têm as mesmas responsabilidades. Quando a brincadeira é casinha, comidinha, panelinha, bebezinho e por aí vai, nosso filho brinca junto e faz as mesmas coisas: dá comidinha pra boneca, vê se tem cocô na fralda, coloca pra dormir e canta música de ninar. Quando vamos brincar de carrinhos ou de bola, eles brincam juntos de novo. Simples assim. Conceitualmente, acho irritante esse negócio de menina-tem-que-brincar-de-boneca-e-de panelinha. Sabe por quê? Porque no futuro as meninas terão que participar de eventos como esse aqui, onde fica claro que a maioria das pessoas acha normal que só as mulheres cuidem das crianças. Ah, não, gente.

Outra pergunta que me deixa de cabelo em pé: “ela já tem uma princesa preferida?”, se referindo provavelmente às 55 princesas criadas pela Disney. Não, gente, claro que não. Claro que eu não coloco desenhos e fantasias de princesa na minha filha de 2 anos de idade. Claro que eu sei que já já as coleguinhas da escola vão apresentar esse mundo cor-de-rosa assustador para ela e vou ter que pensar em como lidar com isso. Mas eu prometo que eu não vou tomar a iniciativa de fazer isso com ela. Aí deixa eu explicar porque eu odeio as princesas antes que todo mundo fique me achando uma chata. Porque princesas são aquelas criaturas indefesas que precisam ser salvas por um príncipe encantado para só então serem felizes para sempre. Porque no mundo das princesas, alguém que não se casa é infeliz. Porque no mundo das princesas, a mulher nunca vai morar sozinha em seu próprio apartamento e trabalhar para pagar suas próprias contas. Porque no mundo das princesas, o príncipe é mais rico e mais importante que a princesa (não é, Cinderela, sua coitada?). Porque no mundo das princesas, o príncipe é encantado, um ser salvador que tem em suas mãos a felicidade da mulher. Ah, meu, não dá.

E se você achou que estou exagerando, dá uma olhada nisso aqui e me diz se não dá vontade de pular da janela? Se ainda acha que estou exagerando, dá uma lida nesse estudo aqui, de onde saiu a pérola: “tia, para ser princesa precisa casar, né? Senão não vai ser princesa, vai ser solteira!”.

Estou tentando manter minha filha longe do mundo das princesas só porque realmente acredito que nós, mulheres, não precisamos disso. Nós não precisamos de príncipes encantados para nos salvar. A gente sabe se virar, né, filha?

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Leitura para mamães

Eu não tive muito tempo para ler livros e mais livros sobre maternidade porque meus filhos chegaram em tempo recorde. Cheguei a comprar esse aqui, mas não passei da página 5. Esses livros me lembram auto-ajuda e me dão um certo pânico. Coisas do tipo “como ser uma boa mãe” ou “como educar bem seus filhos” me dão medo. E eu também tive sorte de nunca precisar ler livros como esse aqui, porque meus bebês sempre dormiram lindamente a noite toda.

Mas eu trombei com um livro na África do Sul sobre maternidade em um dia em que todos os livros que eu tinha levado para lá já tinham acabado, chamado “French children don’t throw food, e comprei. Escrito por uma norte-americana casada com um inglês que vive na França com seus filhos, ela começa o livro comparando as mães francesas – elegantes, bem-vestidas e calmas – com as mães norte-americanas – descabeladas, fora de forma, usando roupas de moletom e gritando e correndo atrás de crianças mal-educadas. E ser uma mamãe-descabelada-gritando é algo que ninguém se planeja para ser, né?

A autora descreve no livro as principais coisas que aprendeu com suas amigas e colegas francesas. Algumas dessas coisas, como não se permitir comer o que quiser e engordar horrores na gravidez (porque depois o trabalho de voltar ao manequim original é maior) e esperar um pequeno tempo antes de sair desesperada para acudir um bebê chorando, não serviram para meu caso porque eu não engravidei e não cuidei de um recém-nascido. Mas eu gostei de uma porção de coisas que ela escreveu e tento fazer parecido.

Uma das primeiras coisas que ela conta é que sempre se sentia envergonhada quando levava o filho em restaurantes na França, pois eles eram a única família que não conseguia jantar tranquilamente. Cena clássica que apavora muitos amigos: crianças correndo e gritando porque não querem ficar sentadas à mesa e mães correndo e gritando atrás das crianças tentando contê-las. Quando saímos para comer fora com os bebês, eles participam o tempo todo do programa. Ficam sentadinhos no cadeirão, interagindo conosco (conversando, cantando ou brincando – nunca coloco Galinha Pintadinha no Ipad só para poder comer em paz, gente). Comem ao mesmo tempo que comemos, o mesmo tipo de comida, comem sobremesa, esperam a conta chegar e só então se levantam conosco para ir embora.

A segunda coisa é saber preservar a vida e rotina de adulto. É claro que nossas vidas mudam muito quando os bebês chegam e eles se tornam prioridade. Mas não dá para deixá-los tomar conta de todo o tempo do mundo. Gosto que meus filhos durmam cedo porque gosto de jantar com calma, gosto de ler, gosto de escrever, gosto de ouvir música de adulto e assistir filmes de adulto, gosto de receber amigos para conversar, e não dá para fazer essas coisas com dois brigadeirinhos falantes e bagunceiros acordados. Depois das 20h é o tempo que mamãe e papai têm vida de adulto em casa. Não gosto de brinquedos espalhados pela casa toda pelo mesmo motivo. É claro que é uma casa onde moram crianças, e temos cadeirões na cozinha e uma mesinha onde ficam os brinquedos na sala de estar, mas os brinquedos e coisas de crianças não dominam a decoração fora do quartinho deles.

Outro ponto é sobre o relacionamento deles com outras pessoas. Além de já terem aprendido a falar “por favor”, “obrigado” e “desculpas”, faço questão que eles digam “oi” e “tchau” para todos as pessoas que encontram. Eles cumprimentam todas as visitas que vêm em casa, a moça que trabalha aqui, os vizinhos no elevador, as outras pessoas no supermercado. Estamos ensinando os dois a esperarem a vez para falar e a não interromperem uma conversa. E estou struggling para ensinar a pedir as coisas sem chorar, sem exigir ou sem espernear, mas não vou desistir. 🙂

Nós também estamos ensinando – ou tentando ensinar – o conceito de autonomia. Toda semana eles ganham alguma nova responsabilidade ou passam a fazer alguma coisa sozinhos. Comem sozinhos na maioria das vezes, estão aprendendo a pegar os sapatos no armário e calça-los sozinhos, guardam os brinquedos e recolhem coisas do chão sozinhos se fazem alguma bagunça. Mais que isso, ultimamente estou dando autonomia para resolverem sozinhos seus próprios problemas. Todo mundo que tem irmão sabe que é normal brigar, e eu passei um bom tempo fazendo o papel de conciliadora, o que, além de tudo, me estressava demais. Não é fácil ficar abaixada para olhar nos olhos de dois bebês de dois anos chorando, apontando pro irmão, e reclamando algo como “pegou meu brinquedo buááááááá´”. Agora deixo que eles resolvam sozinhos quem vai pegar tal brinquedo ou quem vai fazer alguma coisa primeiro, e só fico de olho para que não se machuquem – porque não pode resolver conflito com mordidas e arranhões, bebês!

E, por fim, eles estão aprendendo que quem decide as coisas em casa é a mamãe ou o papai. Eu não negocio coisas como hora de dormir, hora do banho ou hora de comer. Não tem chantagenzinha do tipo só-um-desenho-e-depois-vai-pra-cama. Hora de ir dormir é hora de deitar, ficar quietinho e apagar a luz. Não tenho medo de traumas por ouvir um “não pode” ou “precisa esperar um pouco”, porque acho que eles precisam aprender a lidar com frustrações. Claro que não vivemos em um quartel general: eles escolhem o que querem fazer nas horas de brincar e participam de um monte de tarefas em casa só se quiserem – como regar plantinhas, por exemplo.

O livro é genial, gente. E vocês, mamães, têm alguma outra leitura para indicar?

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Rótulo

Estava lendo uma revista no salão e uma coisa me deixou bastante incomodada: no meio de uma reportagem sobre o divórcio de Tom Cruise e Katie Holmes, uma frase mais ou menos assim: “o ator, que também tem dois filhos adotivos do casamento anterior, disse não-sei-o-que…”. Não havia a menor necessidade de dizer que os filhos do casamento anterior são adotivos nesse contexto. Lembrei também de quando li que um ator brasileiro teve o primeiro filho biológico – descrito assim porque ele já tinha dois filhos adotivos.

Se por um lado nós defendemos que não haja segredos e que a adoção seja sempre um assunto aberto, também achamos que os filhos adotivos não precisam desse rótulo. Para nós, não são filhos de criação ou filhos do coração. Filhos adotivos são filhos. E ponto. Exatamente igual a todos os filhos, tanto na questão emocional – serão amados, respeitados, educados etc. – quanto do ponto de vista legal – a adoção é irrevogável e os filhos adotivos têm os mesmos direitos e deveres que filhos biológicos,  como direito à herança, por exemplo. Então não há porque se referir aos filhos como “adotivos” ou “biológicos”.

Essa semana compramos o livro “A vida do bebê”, do Dr. Rinaldo de Lamare, porque estávamos com vontade de ler coisas genéricas sobre maternidade. E gostamos muito de uma coisa: há menos de uma página no livro falando sobre crianças adotadas. Ele diz que é importante ter o máximo de informações possíveis sobre a gestação, saúde da mãe biológica e condições do nascimento. No mais, diz que as visitas médicas devem ser realizadas normalmente e que não há nenhum problema especial com o qual se preocupar. Ou seja, todo o conteúdo do livro é para nosso filho. E ponto.

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Muita emoção

Eu tinha visto há uma semana que o laudo da psicóloga estava pronto e continuava acessando nosso processo pela internet diariamente. Ou melhor, continuava a acessar algumas vezes por dia. =)

Há dois dias, liguei para o fórum para saber quais seriam os próximos passos. Fui informada que o laudo estava pronto e que o próximo passo seria o envio para o Ministério Público, em breve. Perguntei quando iria, qual era o prazo do MP e soube que o promotor costuma responder em 5 ou 10 dias. No dia seguinte, o processo já estava no MP e senti que tínhamos dado mais um passo!

Paula Abreu falou tanto em seu blog quanto em seu livro (A aventura da adoção) sobre o quanto é importante acompanhar, correr atrás e fazer as coisas acontecerem durante o processo de habilitação. E, até agora, funcionou!

Hoje chequei novamente (sim, estou um pouco ansiosa) e lá dizia que o parecer do MP já estava pronto. Primeiro, pulei de alegria. Depois fiquei me perguntando se o parecer seria favorável ou não e bateu uma insegurança. Como eu já tinha ligado na segunda e não queria demonstrar tanta ansiedade, pedi para meu marido ligar no fórum para confirmar. Ele está em Belo Horizonte, precisou fazer um interurbano e – iupiiiiiiii – parecer favorável! Agora nosso processo está indo para as mãos da juíza, para recebermos a sentença final. Muito felizes!!!

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Pô, Globo

Eu não assisto novelas. Não só porque geralmente ainda estou trabalhando no horário, mas porque acho ruim mesmo. Na minha opinião, só não são piores que outras três coisas que passam na Globo: 1) Faustão, 2) BBB e 3) Globeleza.

Mas soube que a vilã da última novela das nove tinha um terrível segredo que seria revelado e poderia explicar todas as maldades que ela cometeu: ela foi adotada. E é claro que isso gerou uma grande revolta nas pessoas que acreditam que adoção é um ato de amor e que sabem que tudo o que foi dito na novela é preconceito. As pessoas não se tornam más porque foram adotadas. O fato de uma pessoa ser filha biológica de uma pessoa que tinha uma doença (no caso da novela, a genitora era esquizofrênica) não necessariamente a torna doente. Também não faz sentido questionar o verdadeiro sobrenome da vilã, que foi adotada legalmente e tem, portanto, o sobrenome da família adotiva, nem se ela teria mesmo direito à herança, pois filhos adotivos são filhos e têm todos os direitos que os filhos têm. E, por fim, nenhum filho adotivo deveria ter vergonha ou tentar esconder suas origens, porque isso faz parte da história das pessoas e deve ser preservado. Se geralmente a Globo trata com cuidado alguns temas delicados em suas novelas, como drogas, alcoolismo, violência doméstica, custava ter tomado cuidado também com a questão da adoção?

Eu li sobre o assunto no blog da Silvana do Monte Moreira, que enviou uma carta à Rede Globo sobre o assunto e que está aqui. Hoje encontrei um vídeo de uma campanha que a Globo lançou junto com ANGAAD sobre sobre a adoção, feita pela mesma atriz que interpretou a vilã na novela. Achei legal, mas mesmo assim: pô, Globo!

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O nome do nosso(a) filho(a)

A questão do nome da criança foi discutida em grupos de apoio e também durante as entrevistas com a psicóloga do fórum e é um ponto sobre o qual vale a pena refletir.

No nosso caso, nunca conseguimos decidir um nome de menina e um nome de menino que gostássemos. Quando decidimos pela adoção, essa discussão perdeu o sentido. Mas sei que muitos papais e mamães desejam determinado nome desde sempre. E, sim, a lei permite que o nome da criança seja alterado no processo de adoção.

O que achamos, compartilhando a opinião da nossa psicóloga e de palestrantes que ouvimos, é que isso deve ser pensado com muito, muito carinho. O sobrenome, esse sim, será alterado e a criança passará a ter o sobrenome dos papais adotantes. Mas o primeiro nome faz parte da história dela. Ela era chamada por esse nome na família biológica e continuou a ser chamada assim durante o abrigamento. Trocar o nome é apagar a história que ela já tinha começado a construir. Trocar o nome pode gerar uma crise de identidade. Aos 27 anos, eu não quis acrescentar o sobrenome do meu marido ao meu, porque achei que não deveria mudar o nome que eu sempre tive na vida. Hoje fico imaginando como seria ter que mudar o meu primeiro nome.

A psicóloga nos disse que é comum as pessoas mudarem a forma de escrever o nome (o exemplo que ela nos deu foi da Thaynná que passou a ser Tainá). Também sei do caso do Pedro Paulo, filho de Ângelo Pereira (que escreveu o livro “Retrato em branco e preto – manual prático para pais solteiros”), que se chamava Pedro antes da adoção. Concordo que nomes muito bizarros devam ser repensados. Mas o simples fato de não gostar de um nome e preferir outro não justifica apagar esse pedaço da história da criança. Nós queremos que nosso(a) filho(a) tenha o nome que recebeu antes de chegar à nossa família.

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Entrevistas com a psicóloga

No dia 17 de abril fizemos a primeira entrevista com a psicóloga que cuidará de nosso processo. Sim, primeira, porque soubemos nesse dia que teríamos mais duas entrevistas com ela até recebermos seu parecer final.

Neste primeiro dia, tivemos uma longa conversa com ela juntos, onde falamos sobre o porquê de querer adotar, conversamos sobre o perfil em relação a doenças e histórico da criança, como lidar com o passado, como estávamos nos preparando para a espera e para a maternidade e paternidade. Foi uma conversa muito boa. Ela nos indicou alguns livros, já que estávamos bastante envolvidos e curiosos com o tema. Ao contrário do que tinha ouvido, nenhuma pergunta foi muito difícil ou delicada. Foram perguntas sobre a nossa vida e os nossos sonhos. Logo depois, ela nos pediu para escolhermos o primeiro a passar pela entrevista individual. A segunda entrevista individual seria em um outro dia e, por fim, marcaríamos o terceiro encontro para a entrevista final, dessa vez juntos.

Meu marido foi entrevistado naquele dia, enquanto eu esperava na sala de espera. A psicóloga pediu para ele contar sobre a vida dele: como é a família, a infância, a história de todos, relação com pais, as dificuldades, as boas lembranças. Falaram também sobre a nossa relação, como ele se sentia com nosso casamento.

No dia 27 de abril foi a minha vez. No intervalo de 10 dias, eu comprei e li um dos livros que a ela nos recomendou (e como eu leio em voz alta, comentando tudo, considero que meu marido leu também) e começamos nossa conversa sobre o livro. O livro é “Conversando com crianças sobre adoção” da Lilian de Almeida Guimarães e é uma adaptação da tese de mestrado feita com base em entrevistas com três crianças que passaram por adoção tardia. Falamos sobre a questão do espaço da criança adotiva na família, sobre o quanto as crianças sentem a angústia dos pais adotivos e quão mal pode fazer o sentimento de não pertencer totalmente à nova família. Depois conversamos sobre a minha vida, como na entrevista individual do meu marido. Estou bem longe de entender como é feita uma avaliação psicológica, mas acho que os objetivos das entrevistas são entender nossas motivações – se não estamos equivocados com a ideia de adotar, o espaço da criança nesta família e nossa “estrutura” emocional e o quanto estamos preparados para lidar com as possíveis dificuldades que fazem parte do processo.

No dia 9 de maio voltamos ao fórum para a entrevista final. Nesta entrevista, confirmamos o perfil da criança, recapitulamos um pouco nossas conversas e a psicóloga nos disse que nos dará um parecer favorável. Iupiii! A partir desse ponto, os próximos passos serão o parecer da Promotoria e sentença final que será dada pela juíza. Ela nos disse que acha que até o final de junho estaremos habilitados!

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Livro: Conversando com crianças sobre adoção

Na nossa primeira entrevista com a psicóloga, contamos que estávamos lendo diversas coisas sobre adoção (entre livros, blogs e tudo o que aparecia na nossa frente sobre o assunto). Ela então nos recomendou a leitura de materiais que trouxessem o ponto de vista das crianças que são adotadas, pois a maioria dos livros que tínhamos lido trazia os papais adotantes como protagonistas.

Eu comprei o livro “Conversando com crianças sobre adoção”, de Lilian de Almeida Guimarães, no dia seguinte e graças à agilidade do e-commerce em São Paulo, ele estava na minha casa em 3 dias.

Lilian entrevistou 3 crianças – um menino e duas meninas que são irmãs – que passaram pela adoção tardia e que já estavam morando há um tempo com suas novas famílias. Eles narram um lado um pouco triste da adoção, que é o medo e a insegurança de voltarem para o abrigo e ficarem de novo sem uma família. Nós já tínhamos discutido o medo da devolução em duas reuniões dos grupos de apoio, onde aprendemos que, mesmo que uma criança tenha sido abrigada bem novinha e não tenha vivenciado ela mesma a dor da devolução, ela provavelmente acompanhou o abrigamento ou mesmo devolução de coleguinhas de abrigo e sabe que o abrigo é uma situação provisória para ela. E durante as entrevistas, as três crianças falam sobre o receio que elas têm de voltar para lá. Umas das meninas conta que enquanto não receber o papel definitivo que diz que elas não podem ser devolvidas, pode ser que a mãe decida que elas devem voltar a morar no abrigo (ela provavelmente se refere à guarda definitiva e emissão da nova certidão de nascimento, que ainda não havia sido emitida). E quando Lilian pede que elas desenhem as novas famílias e casas, as três se colocam um pouco para fora do desenho, como se no fundo percebessem que não estão totalmente inseridas na família. É de partir o coração.

Acho que uma das coisas mais importantes para nós dois será fazer de tudo para nosso filho sentir que ele é a nossa família. Que aqui será a casa dele, que nós seremos pais para sempre e que ele já tem há muito tempo um espaço reservado só para ele nessa família.

E, por fim, vou contar um diálogo do livro que achei muito bonitinho. Lilian pergunta para uma das meninas se ela conhece outras crianças que foram adotadas, assim como ela e a irmã. E ela responde que sim e cita alguns amiguinhos, mas depois a psicóloga percebe que esses amiguinhos são filhos biológicos de seus pais. E após um diálogo confuso, eu percebi que no entendimento da menina, aquelas crianças também tinham sido adotadas, mas por seus próprios pais biológicos. Porque se adoção é cuidar, é amar, é dar uma família para a criança, significa então que todas as crianças – filhos biológicos ou adotivos – precisam ser adotadas por suas famílias, certo?

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Livro: Filho do Coração

Regina Vaz conta sobre a adoção de seu filho Rodrigo no livro “Filho do coração”. Rodrigo nasceu prematuro e com problema cardíaco e estava no hospital quando Regina o conheceu. Além de toda luta pela saúde do bebê, Regina conta também a dificuldade que teve com seu plano de saúde, que só aceitou Rodrigo como seu dependente após ordem judicial.

A inclusão do filho adotivo no plano de saúde pode ser feita após o deferimento da guarda provisória até 30 dias após a data da adoção, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), e assim como os filhos biológicos recém-nascidos, eles são isentos do cumprimento dos períodos de carência ou Cobertura Parcial Temporária – CPT devido a Doença ou Lesão Preexistente – DLP desde que a inscrição ocorra no prazo. A fonte é essa aqui.

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Livro: Retrato em branco e preto

Angelo Pereira conta sua história de adoção no livro “Retrato em branco e preto – manual prático para pais solteiros”. Ele era solteiro quando adotou o menino Pedro Paulo, então com um ano e quatro meses em 1997. Eu já tinha visto fotos mais recentes dos dois e Pedro Paulo já é um adolescente.

Angelo fala bastante sobre a vida dos dois depois que Pedro Paulo foi viver com ele. Conta a adaptação na vida e na rotina, sempre com muito humor. Adorei quando ele fala que aprendeu a fazer quase tudo (escovar os dentes, preparar o arroz) com apenas uma mão, pois o menino estava sempre querendo colo – e “engatado na cintura”. Ele também narra algumas situações com pessoas preconceituosas (foi uma adoção interracial) e as fases que Pedro Paulo tenta “testá-lo” com pirraças e desobediência. E aí ele diz uma frase ótima, mais ou menos assim (tentei achar de novo no livro, mas não sei em que capítulo foi): se ele está tentando me testar, ele vai passar um bom tempo no banquinho do castigo. Mas daqui de casa ele não vai embora nunca mais!