Pedro Henrique e seus pais estavam em uma mesa ao lado da que eu estava no quiosque. Fiquei ao lado da família de Pedro Henrique por uns 40 minutos. Ele tinha uns dois anos.
Seu pai estava tomando um refrigerante e comendo um salgadinho de pacote. Durante o tempo em que estivemos lado-a-lado, ouvi o pai e a mãe de Pedro Henrique oferecerem diversos quitutes.
– Quer um gole de refrigerante, Pedro Henrique?
– Pega um pouco do meu salgadinho, Pedro Henrique. Ou você prefere a batatinha redondinha?
– Quer pipoca doce, Pedro Henrique? Vamos lá procurar o pipoqueiro?
– Quer um picolé, Pedro Henrique, ou um sorvete com cobertura de chocolate?
– Quer ir comprar pão de queijo, Pedro Henrique?
– Quer ir na padaria escolher um pão docinho, Pedro Henrique?
O pai e a mãe do Pedro Henrique insistiram bastante, mas Pedro Henrique não aceitou nada. Não estava com fome, suponho. Ou já tinha comido muitos outros quitutes antes de eu chegar. Eu não entendo como um pai ou uma mãe ficam insistindo tanto para que uma criança coma alguma porcaria. “Ah, é que hoje ele não almoçou bem.” – ótimo, leve-o para casa e faça um jantar. “Ah, mas é só de vez em quando” – não, não é. Pelo sotaque, acho que Pedro Henrique e sua família moram na cidade. Por acreditar que moram na cidade, acredito também que Pedro Henrique freqüente bastante a praia com seus pais. Ou seja, com freqüência Pedro Henrique deve brincar na areia enquanto seus pais tentam fazer com que ele coma alguma gordura trans, algum açúcar, algum glutamato monossódico ou algum conservante mucholoco.
Pedro Henrique pode ter uma história parecida com esse moço do vídeo. Esse aí pode ser o futuro de Pedro Henrique.
Boa sorte, Pedro Henrique.