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Soninho da tarde

Sei que vão me chamar de malvada, mas se tem um hábito de bebê que eu gostaria de manter por anos ainda é o soninho da tarde. Gente, como é legal pra caramba o soninho da tarde.

Eu não sei como é ter um filho só. Mas cuidar de gêmeos aos sábados e domingos é muito mais difícil que passar horas no escritório durante a semana. Depois do almoço, ou seja, depois de preparar café da manhã para dois, brincar de um monte de coisas – porque eles perdem o interesse por qualquer coisa em dez minutos, levar ao banheiro 300 vezes, chamar atenção outras 300 vezes, separar brigas, aguentar choros, birras e afins, dar dois almoços e limpar dois sujismundos, ouvir duas coisinhas fofas que não param de falar um minuto sequer, eu simplesmente preciso do soninho da tarde. E eles precisam dormir para eu conseguir aguentar a segunda parte do dia. Raramente durmo, mas acho soninho da tarde uma das maiores maravilhas do mundo (depois de noites bem dormidas, claro). Principalmente porque, por estarem muito acostumados a dormir todo dia após o almoço, é muito difícil de aguentar os dois quando por algum motivo pulamos esse momento.

Será que consigo manter o hábito até eles terem pelo menos uns 12 anos?

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Fofa

Conversa com minha filha agora pouco:

– Mamãe, consegui! (encaixar um brinquedo em outro)

– Que bom, filha, parabéns!

– … pra você, nesta data querida, muitas felicidades…

Esmaguei.

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Tagarelas

Cada coisinha que nossos filhos aprendem é uma conquista e é uma delícia. Os bebês estão super falantes, formando frases, e são duas gracinhas na maioria do tempo.

Na maioria do tempo. Eu confesso que eles estão me enlouquecendo um pouco. Eles agora começaram a verbalizar tudo o que vêem ou que acontecem. Tudo, tá? Eles falam em voz alta qualquer coisa que passa pela cabecinha deles. É enlouquecedor. Pra vocês me entenderem, imagina uma mamãe dando banho em um bebê que narra continuamente o que está acontecendo, repetindo pelo menos três vezes cada uma das coisas:

– To tomando banho to tomando banho to tomando banho to lavando cabelo to lavando cabelo to lavando cabelo limpar orelha limpar orelha limpar orelha assoar nariz assoar nariz assoar nariz lavar costas lavar costas lavar costas to lavando barriga to lavando barriga to lavando barriga tem que lavar bumbum tem que lavar bumbum tem que lavar bumbum vamos lavar pé vamos lavar pé vamos lavar pé passar creme no cabelo passar creme no cabelo passar creme no cabelo enxaguar enxaguar enxaguar cabou o banho cabou o banho cabou o banho…

Acharam enlouquecedor? Multiplica por dois agora. Mentalizem dois bebês tagarelando frases repetidas ao mesmo tempo. Porque o bebê que está do lado de fora do box assistindo o irmão tomar banho gosta de narrar as mesmas coisas, ao mesmo tempo, com a mesma repetição enlouquecedora de frases.

É tão enlouquecedor que eu já cheguei a demorar 30 segundos para responder para a moça que me perguntou “débito ou crédito” em uma loja porque eles não paravam de narrar tudo o que acontecia e tudo o que viam por lá. Às vezes eu não consigo pensar direito, de tanta palavra que entra pelos meus ouvidos o dia inteiro. E eu sei que eu falo muito, então, quando acho que uma outra pessoa está falando muito, é porque ela realmente está falando muito. E meus filhos falam muito, meldels.

Quando as crianças aprendem a pensar, hein, gente?

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Dedo-duro

Primeiro vieram as palavras com duas sílabas (mamãe, papai, bola, leite). Depois, palavras compridas e complicadas ganharam vez (cachorro, escola, elefante, borboleta). E, por fim, uma palavra começou a vir junto com outra, e mamãe e papai vibraram com as frases que eles começaram a falar (mamãe chegou, boneca caiu, quero leite)!

Eles ainda não contam coisas que aconteceram no passado, como o que fizeram na escolinha durante o dia. Não vejo a hora de começar a ouvir as histórias sobre o que aprenderam no dia ou do que brincaram. Por enquanto eles só expressam desejos (mamãe, quero água) ou descrevem situações (papai, brinquedo caiu no chão). É muita fofura!

Descrever situações significa, na maioria das vezes, narrar o que o irmão está fazendo. Então, se não estou olhando para os dois, começo a ouvir um monte de:

– Mamãe, a Ruth tá cuspindo!

– Mamãe, o Isaac pegou o celular!

– Mamãe, a Ruth mexeu na planta!

O problema é que essas coisas fazem o irmão tomar uma bronca. E fazer o irmão tomar bronca diverte demais o narrador. Mas não dá pra virar, ver sua filha propositalmente toda babada e não ir lá explicar pela milésima vez que não pode cuspir na roupa. Só que quanto mais eles percebem que narrar o que o irmão está aprontando é divertido, mais fazem isso. Estou incentivando dois bebês dedos-duros, gente!

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Essa tal de genética

Fui almoçar esses dias com um colega de trabalho que está planejando adotar. Fomos conversar sobre as dúvidas e preocupações que ele tem – sei bem que aparecem uma porção delas nessa fase. E uma das coisas sobre a qual falamos foi influência genética.

Genética pode influenciar duas coisas: o desenvolvimento físico e o comportamento. Chamei de “desenvolvimento físico” aquelas coisas que aprendemos na escola: o bebê recebe metade da carga genética do papai e a outra metade da mamãe e desenvolve características físicas semelhantes aos dois. Ter filhos parecidos fisicamente comigo e com meu marido nunca foi uma prioridade, senão não teríamos escolhido a adoção. Tenho super orgulho dos cachinhos lindos dos meus bebês e da pele mulata do meu filho e nunca fiquei pensando no que as pessoas pensam quando olham para nossa família. Simplesmente não importa. Eu não os amaria mais se eles tivessem olhinhos puxados.

Predisposição para algumas doenças é outro assunto que nunca nos preocupou. Deve haver casos de doenças graves na família biológica deles, assim como houve em nossas duas famílias também. Eu prefiro pensar que, se quisesse garantir nenhuma chance de doenças nos meus filhos, era melhor não ser mamãe. Uma vez alguém me perguntou, antes de adotar, o que eu ia fazer se meu filho precisasse de um transplante de medula óssea e não tivesse doadores compatíveis na família. Ai, gente, cada hipótese macabra, né? Estar perto da família biológica não garante doadores compatíveis também. Por que alguém fica pensando nessas coisas?

E, por fim, a gente sabe que genética influencia comportamento também. Eu até cheguei a ir no Google e digitar “influência genética no comportamento”. Encontrei milhões de estudos que pareciam ser bem confiáveis para colocar um pouco de teoria nesse post, mas desisti de estudar esse assunto. Sabe por quê? Porque também não importa. Comportamento é moldado por um milhão de fatores, e genética pode ser um deles. Mas tem também a história de vida, a relação com a família, a relação com os amigos, a personalidade, os acontecimentos da vida e por aí vai. Eu nunca conseguiria isolar o que é genético no comportamento dos meus filhos e também não sei o que faria com essa informação.

Sim, já ouvi perguntas esdrúxulas sobre esse assunto, como “e se o genitor for um criminoso e passar essa carga genética para seus filhos?”. Sempre fico um pouco brava com essas perguntas, porque parece que as pessoas acham que filho adotivo vai necessariamente dar problema e que filho biológico vem com certificado de garantia. Aí, gente, desculpa se for muito chocante, mas fiquei com vontade de contar a história mais bizarra que já vi acontecer perto da minha família.

Meus pais estudaram engenharia juntos e tinham um grande amigo super inteligente, que se casou com uma moça que estudava medicina, e tiveram dois filhos fofos. Era uma família linda. Temos fotos juntos cantando parabéns nas minhas festinhas de aniversário e brincando na piscina do sítio em domingos de sol. Um belo dia, a filha mais velha, já na faculdade, chamou o namorado e o irmão do namorado para assassinarem os pais a pauladas enquanto os dois dormiam tranquilamente em casa. Garanto que todo mundo conhece essa história. História de uma filha biológica.

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