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A bebezinha de dois amigos meus

Eu estava no trabalho e no meio da tarde recebi uma mensagem de um amigão, que também ficou na fila pouquíssimo tempo, para contar que eles receberam a ligação do fórum os chamando para conhecer uma criança. Pulei da cadeira, e saí correndo para uma salinha para poder falar por telefone com ele. As perguntas para papais adotantes são totalmente diferentes. “Qual o sexo?”, “qual a idade?” e “já sabe o nome ” foi o que eu perguntei. Uma menina de 1 ano e 6 meses. Quase chorei.

No dia seguinte, eles foram ao fórum e fizeram a primeira visita para a bebezinha no abrigo e eu fiquei grudada no celular, esperando as mensagens dos dois. Fiz uma lista imensa de coisas que eles precisavam providenciar para a bebê e fiquei pulando de alegria com cada fotinho que eles mandavam. Hoje foi o dia de compras e eu também fui atrás de vários presentinhos para a sobrinha. Vem logo, bebezinha!

Receber a ligação do fórum foi uma das coisas mais emocionantes da minha vida e eu sabia bem como os dois estavam se sentindo. No dia que me ligaram, eu também estava trabalhando e não consegui mais me concentrar. Receber a ligação é uma alegria tão grande, misturada com um pânico tão grande quanto, pelo susto e por não ter enxoval. É indescritível. E foi uma delícia acompanhar de perto tudo o que eles estão sentindo, e ficar lembrando que há exatamente um ano nós estávamos passando pela mesma emoção.

É claro que eu fico muito feliz quando alguém me conta que está grávido(a). Mas o amor que eu senti pelos dois e por essa mocinha quando recebi a notícia foi muito intenso. Adotar é bom demais. É a coisa mais linda que já fiz na minha vida. Hoje não tenho dúvida nenhuma que foi o melhor jeito do mundo para virar mamãe.

Bem vinda, bebezinha! Você já tem os melhores papais do mundo!

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Querida escolinha

Nossos filhos começaram a ir para a escolinha nos primeiros dias de janeiro, para fazermos a adaptação com calma. No primeiro dia, fiquei com eles na sala de aula durante uma hora e pouco, acompanhei o almoço e voltamos para casa. No segundo dia, eles ficaram o mesmo tempo na escola, mas sozinhos. E depois fui aumentando uma hora por dia, até que eles começaram a passar o dia inteiro por lá.

Eles entram às 8h30 mais ou menos, quando saímos para trabalhar, e ficam até às 19h. Fazem quatro refeições por lá (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar) e em casa só tomam leite e comem fruta, tanto de manhã quanto à noite. De manhã ficam na recreação e à tarde participam das atividades pedagógicas. Tiram um soninho de uma hora e pouco depois do almoço todos os dias e fazem aulas de música uma vez por semana.

Acostumar a ficar na escolinha foi muito fácil; eles brincam o dia todo e nunca choraram na escola ou fizeram birra (isso, aparentemente, é um privilégio só da mamãe e do papai). O mais difícil foi acostumar a ficar longe de casa. Nos primeiros dias, chegavam em casa e pareciam querer recuperar o tempo perdido: corriam, davam gritinhos de alegria, tiravam todos os brinquedos do lugar, agarravam o Fidel e não queriam dormir de jeito nenhum, apesar do cansaço. Acostumar com o cansaço também foi difícil; como na escolinha eles gastam mais energia e dormem menos à tarde, eles ficaram bem mais irritados e chorões quando chegavam em casa (na verdade, estão assim até hoje). Nos primeiros dias, eles choraram um pouco quando os deixávamos na escola. Ultimamente eles saem correndo e nem falam mais “tchau”.

A única parte chata foram as tais doenças que as crianças pegam quando entram na escola. Nós chegamos a achar que eles não passariam por isso, pois conviveram intensamente com outras crianças no abrigo até virem morar conosco, mas nos enganamos. Os dois ficaram gripados, tiveram febrinhas, tosse, dorzinha de barriga e tal. A professora não me animou muito, pois me disse que os primeiros SEIS MESES serão assim.

Mas estamos adorando a escola. Todos os dias precisamos levá-los até a sala de aula de manhã e precisamos entrar na escola para buscá-los, e é legal saber que as portas da escola estão sempre abertas para os papais. Todos os dias nos comunicamos com as tias pela agenda ou pessoalmente e sabemos que elas seguem todas as nossas recomendações com os cuidados e alimentação dos dois. Todos os dias os encontramos no final do dia com sorrisos lindos e imensos no rosto, de bebês que se divertiram. E isso nos deixa seguros para ficar longe deles todos os dias.

primeiro dia de aula

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Papai Noel

Passamos o primeiro Natal depois que viramos papais e foi muito gostoso! Jantamos no dia 24 com a família do meu marido e visitamos minhas duas avós no dia 25. Além disso, fizemos um jantar com minha mãe e com meu padastro uns dias antes do Natal e um almoço com amigos-mais-que-queridos uns dias depois do Natal. Os bebês nos acompanharam nas cinco comemorações e se divertiram muito: ganharam presentinhos, atenção e brincaram bastante, mas também ficaram bem cansados com tanta bagunça e horários diferentes de soninho. E teve decoração de Natal em casa, luzinhas na varanda, ceia, troca de presentes, amigo-secreto.

Só não teve Papai Noel. A história do Papai Noel é uma coisa que começamos a discutir esse ano, junto com alguns outros temas sobre “ser mamãe e papai”. Papai Noel não existe. Então fiquei me perguntando por que os adultos contam uma mentira para as crianças, para que a verdade seja revelada quando elas estiverem maiores. Fiquei me perguntando se as crianças realmente precisam dessa fantasia para serem felizes ou se dá para viver feliz sem acreditar em Papai Noel.

Então encontrei esse texto aqui, que me falou o que eu queria escutar. Em linhas gerais, ele diz que a imaginação – super importante no desenvolvimento das crianças – deve ter como base a realidade e deve ser criada pela própria criança, como as brincadeiras de faz-de-conta, por exemplo. O Papai Noel que visita todas as crianças em uma única noite, usando uma roupa inapropriada para o clima no hemisfério Sul em dezembro, e que entrega os presentes escolhidos por elas mesmas é uma fantasia criada pelos adultos e inserida na vida das crianças.

O Papai Noel não visita todas as crianças, infelizmente. Ele provavelmente não visita todas as crianças que moram nas ruas, que têm papais muito pobres, que têm papais negligentes ou que estão abrigadas. Nós não sabemos como foi o primeiro Natal dos brigadeirinhos no abrigo, mas não queremos contar para eles que Papai Noel só começou a visitá-los depois que vieram morar conosco. Também não queremos explicar no futuro por que o Papai Noel entrega presentes mais caros para alguns amiguinhos.

Então em casa Papai Noel é um personagem e faz parte da decoração. Temos Papai Noel de pelúcia, Papai Noel pendurado na árvore de Natal e só. Não enfrentamos filas para que eles possam tirar foto com o Papai Noel no shopping e eles não escreverão cartinhas pedindo presentes para o Papai Noel. No Natal, vamos sempre entregar os presentes do papai e da mamãe.

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Escolinha

Depois de telefonar e visitar uma dúzia de escolas, escolhemos a escolinha onde os bebês vão estudar no ano que vem, quando mamãe voltará a trabalhar.

A primeira coisa que queríamos era um lugar pertinho de casa, porque eles não precisam conviver com o trânsito de São Paulo diariamente desde tão pequenos. Isso também facilita a logística, pois papai e mamãe vão se dividir para levá-los e buscá-los todos os dias (e, eventualmente, vamos pedir um socorro para uma das vovós).

Depois começamos a avaliar as instalações, alimentação, horários e valores das mensalidades. Eles vão estudar em horário integral (sairão de casa conosco de manhã e os pegaremos no final do dia, voltando do trabalho); de manhã ficarão na recreação e à tarde farão as atividades pedagógicas. Como sabemos que é bastante tempo, procuramos uma escola com vários ambientes (além da sala de aula, brinquedoteca, parquinho ao ar livre, biblioteca, refeitório, sala de vídeo etc.), para que eles não ficassem o dia todo no mesmo lugar. Também nos sentimos mais seguros sabendo que nossos bebês estarão em uma escola pequena, que atende apenas crianças até 5 anos.

De todas, alimentação foi nossa principal preocupação. Como vão passar o dia todo, farão todas as refeições lá durante a semana (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar) e fomos bastante rigorosos com essa questão. Descartei as escolas que disseram que oferecem sucos ou outros itens industrializados para as crianças e li o cardápio mensal de todas elas, para ter certeza que oferecem refeições variadas com muitas verduras, legumes e frutas para os alunos. A escolinha onde nossos bebês estudarão também não permite que as crianças tragam lanches de casa, para garantir que ninguém consuma guloseimas na escola.

A escolinha oferece educação bilíngue, mas optamos por pensar sobre isso um pouco mais para frente e deixá-los aprender bem a língua materna antes. Ensinar inglês para bebês de menos de dois anos nos dá a sensação de já querer prepará-los para o mercado de trabalho, então decidimos que eles farão música no primeiro ano de escola e que depois poderão entrar no judô, ballet, artes e natação.

Nós também conversamos muito sobre como seria voltar a conviver com outras crianças, em um ambiente com menos atenção individualizada, e se eles já estavam preparados para isso, pois a experiência que nossos filhos tiveram é oposta à experiência de outras crianças: eles primeiro viveram em um ambiente “coletivo”, para depois conhecer a vida só com a família. Mas concluímos que são filhos de papais que trabalham e que faz parte da nossa vida em família ir para a escolinha o dia todo. Além disso, achamos entediante para eles passar o dia todo entre o apartamento e o parquinho do prédio com apenas um adulto, principalmente em uma idade em que precisam de muitos estímulos, e temos certeza que eles vão adorar a escola.

E ficamos mais tranquilos ainda quando soubemos que há outros alunos que foram adotados e que nenhum deles passou por um período de adaptação mais difícil que os alunos que vivem com a família biológica. Estávamos com medo que eles tivessem um sentimento de abandono nos primeiros dias de aula, como se fossem voltar a viver em um abrigo. Mas a diretora nos garantiu que eles rapidamente entenderão que papai ou mamãe voltarão no final de todos os dias para buscá-los e que não ficarão inseguros. Tomara! Porque confesso que já estou com dorzinha no coração por ter que ficar o dia todo longe dos dois.

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Chupeta

Nossos brigadeirinhos chupavam chupeta no abrigo, principalmente antes de dormir, quando estavam doentes ou manhosos. Nós dois não gostamos de chupeta, pois sempre concordamos que é um acessório que incentiva a preguiça que os adultos têm de fazer a criança parar de chorar. Também não entendíamos para que oferecer uma coisa que vicia e que depois é uma drama para tirar. Mas também concordamos que, como já estavam acostumados, não ficaríamos estressados com as chupetas e que eles poderiam trazê-las para casa.

Só que quando fomos buscá-los, saímos do abrigo com presentes, pasta de documentos, recomendações, dois bebês e muita alegria e euforia para chegar logo em casa e começar nossa vida como papais. Foram tantas coisas, que esquecemos completamente de pedir para levar as chupetas dos bebês e lembramos delas depois de uns três dias. Eles dormiram bem desde o primeiro dia e nunca pareceram precisar da chupeta para pegar no sono. Choravam bastante no começo por motivos diversos – fome, sono, birra etc. – mas nunca precisamos de chupeta para acalmá-los. Então decidimos não comprar chupetas novas.

No início evitávamos falar “chupeta” em voz alta, com medo que eles se lembrassem e começassem a chorar. Mas logo eles começaram a ver outras crianças com chupeta na boca quando iam brincar e nunca tentaram tirar delas. Simplesmente se esqueceram da chupeta. Achamos que papai e mamãe são suficientes quando estão com sono, doentes ou manhosos.

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Primeiros passinhos

Quando os conhecemos, nossos brigadeirinhos engatinhavam há um bom tempo, já ficavam em pé apoiados em alguma coisa e andavam com as mãos dadas a um adulto. Mas ainda não davam passinhos sozinhos.

Nós nunca saberemos se eles demoraram um pouco mais que a maioria das crianças que conhecemos porque são prematuros, por um possível uso de drogas ou álcool durante a gravidez, porque foram pouco estimulados durante o abrigamento ou porque esse é o tempo deles. Muitos coleguinhas do abrigo com a mesma idade ou um pouco mais velhos ainda não andavam e também tinham histórico parecido com o deles.

Depois de uns dias em casa, eles começaram a caminhar sozinhos. No início eram poucos passinhos (dois ou três), com bastante ajuda: um de nós segurava em pé e o outro chamava, estendendo os braços. Em 10 dias, começaram a dar passinhos sozinhos, cada vez atravessando distâncias mais longas! Eles ainda não andam oficialmente, mas já conseguem levantar do chão sem se apoiar e já andam de um lado para o outro sozinhos! É uma delícia ficar olhando os primeiros passinhos e eles ficam super orgulhosos quando percebem que fizeram o percurso que queriam sem cair no chão. Estou muito feliz de estar de licença maternidade bem nessa época porque posso acompanhar de perto essa conquista dos nossos filhos.

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Onde encontramos os nossos filhos

Nossos brigadeirinhos chegaram através do fórum onde fizemos nosso processo de habilitação para adoção. Nós nunca visitamos nenhum abrigo para procurar nossos filhos por um motivo bem sério: as crianças abrigadas não são produtos expostos em vitrines e ninguém deve ir aos abrigos para “escolher” a mais bonitinha, mais engraçadinha, mais educadinha ou sei-lá-o-que. Um segundo motivo seria que nem todas as crianças abrigadas estão disponíveis para adoção: muitas ainda têm algum vínculo com a família biológica ou ainda estão aguardando o processo de destituição de poder familiar se encerrar.

Nós acompanhamos alguns grupos de discussões virtuais, onde eventualmente as pessoas divulgam crianças disponíveis para adoção. O GAARJ (Grupo de Apoio à Adoção do Rio de Janeiro) tem um fórum aqui e acompanhamos como “ouvintes” uma comunidade no Orkut chamada GVAA – Adoção, um exemplo de amor (como “ouvintes”, porque um dos requisitos para ser membro é ter perfil no Orkut com muitos amigos e outras comunidades – muito difícil!). Conheci uma amiga que adotou através dessas divulgações. Geralmente são crianças que não encontraram pretendentes na própria comarca e isso provavelmente aconteceu porque estão fora dos perfis mais desejados, ou seja, não são bebês, têm irmãos ou problemas graves de saúde.

O processo de destituição de poder familiar de nossos bebês foi conduzido pelo mesmo fórum onde fomos habilitados. Quando estavam destituídos e o fórum começou a procurar uma família substituta para os dois, fomos chamados. Então achamos justo dizer que foram nossos filhos que nos encontraram!

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Nova rotina

Para que eles se sentissem seguros (e também porque gostamos dos horários deles), mantivemos a mesma rotina que eles tinham enquanto moraram no abrigo: antes das 7h, os papais tomam banho e ficam prontos para acordar os bebês (alguns dias eles resolveram acordar antes das 7h e ficou um pouquinho atrapalhado). Quando acordam, trocamos as fraldas, tiramos o pijama e eles vão tomar café da manhã. Papai então sai para trabalhar e mamãe vai brincar na sala (vida boa!). Às 9h30 eles comem fruta, depois brincam mais um pouco. Às 11h30 almoçam e vão para o quarto para o soninho, que dura até umas 14h30. Depois acordam e tomam lanche da tarde. O jantar é às 17h30, depois banho, pijama, última mamadeira, escovar dentes e cama às 20h. Acontecem algumas trocas de fraldas durante todo esse processo.

Alguns costumes do abrigo vamos manter em casa, porque achamos ótimo. Eles não são “ninados” antes de dormir. Nós os colocamos nas caminhas, fazemos um pouco de carinho, deixamos a luz bem fraquinha, damos beijinho de boa noite e fechamos a porta. Às vezes eles ficam resmungando no quarto uns 5 minutos, mas logo dormem. Os horários de dormir também são muito bons: às 20h vamos jantar juntos, conversar e temos um “tempo de adulto”; depois temos uma noite inteira de sono até o dia seguinte. Também comem super bem e de tudo: muita fruta, muitos legumes, chá, suco, leite. E já chegaram treinados em várias coisinhas: deixam escovar os dentes e limpar o nariz e ajudam a vestir as roupinhas.

Em outras coisas, ainda estamos apanhando: nosso filho não gosta muito de banho. Está melhorando, mas nos primeiros dias berrou durante o banho todo e só parou quando tiramos de lá. Nossa filha faz o contrário: se diverte no banho e começa a berrar quando tem que sair. Ela deixa pingar as vitaminas na boquinha, com ele é uma pequena batalha para dar certo. Também têm ciúmes um do outro e brigam bastante, com direito a alguns tapas e mordidas.

E algumas coisas queremos mudar, aos pouquinhos. Eles estavam acostumados a comer muito rápido, porque muitas crianças almoçam e jantam ao mesmo tempo no abrigo e são poucas educadoras, então mal terminam de engolir e já gritam pela próxima colherada. Estamos ensinando a comer mais devagar. Também estavam acostumados a descer do cadeirão assim que terminavam, pois outras crianças seriam alimentadas logo em seguida. Em casa, eles ficam sentados um pouquinho mais antes de voltar para a sala. Estamos fazendo assim porque queremos começar a sair para almoçar fora com eles e eles terão que ter paciência para ficar sentadinhos no cadeirão enquanto os papais comem. Além disso, eles brincavam todos os dias em um lugar onde só ficavam coisas de crianças e podiam mexer em tudo. Aqui em casa, temos plantas, vasos, livros que ficam na mesa de centro, quatro luminárias de piso e outras coisas que não são de criança, e não queríamos mexer na decoração da casa toda. E estamos pacientes tentando ensiná-los tudo isso.

Como eles dormem bem, nós também conseguimos descansar e não estamos parecendo zumbis. Mas todo o tempo pensamos neles: fizeram cocô? o que vão vestir? o que vão comer na próxima refeição? estão felizes?

… Sim, acho que estão felizes!

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Nossos brigadeirinhos chegaram em casa!

No dia 3 de agosto, fomos ao fórum às 14h para o que eu tinha entendido que seria uma “audiência”. Nós tínhamos imaginado uma reunião, onde falaríamos sobre nossas intenções com as crianças e etc., e o fórum decidiria se estávamos mesmo preparados para sermos pais deles. Quando chegamos lá, recebemos o termo de guarda para assinarmos e a autorização de desabrigamento para entregar para o abrigo. Em 10 minutos, simples assim! O estágio que se inicia agora é chamado de “estágio de convivência”, uma guarda provisória. A previsão é recebermos a guarda definitiva em 6 meses.

E fomos buscá-los! Além de nossos filhos, voltamos para casa com todo o histórico médico deles e várias recomendações sobre a rotina deles, o que costumam comer etc. As coisas funcionaram super bem até o final do jantar: eles chegaram, se deram bem com nosso cachorro (que morreu de medo dos dois no início), brincaram, comeram um belo prato de jantar e todo o mamão de sobremesa. Depois disso, foi a hora do banho e a confusão começou: eles choraram, acho que meu filho engoliu água na banheira, não conseguimos escovar dentes, pentear cabelo e eles não quiseram tomar o leite da noite (não sabemos se ainda não estavam com fome ou se fizemos alguma coisa errada). Mas dormiram às 20h como dois anjinhos.

Nós estamos bastante cuidadosos com a chegada deles. Se para nós é um dos dias mais felizes de nossas vidas, para eles é um dia de ruptura e grande mudança. Eles estavam abrigados desde que nasceram e gostavam muito das cuidadoras, da comida, da caminha, da rotina e dos amiguinhos do abrigo. Nós sabemos que para eles tudo aqui em casa será diferente e, talvez, um pouco assustador. Então queremos deixá-los seguros e calmos nesses primeiros dias.

Não tem nada melhor do que saber que os filhos dormem no quarto do lado! Temos uma única preocupação nesse momento: meu marido não se lembra de ter colocado o pipi do meu filho para baixo na fralda, e talvez a gente acorde com uma grande meleca na caminha! ❤

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Período de aproximação

No final de semana de 28 e 29 de julho, começamos a fazer as visitas individuais para nossos filhos. O abrigo pede que as visitas sejam feitas entre 15h e 17h, mas nos dois dias ficamos para dar o jantar para eles umas 17h e pouco, depois de brincar em uma salinha reservada. No sábado, nós já sabíamos que aquela era nossa família! No domingo, saímos do abrigo com uma sensação esquisita de estarmos deixando nossos filhos dormirem em um lugar que não era mais a casa deles. Eles precisavam vir para casa logo!

Na segunda de manhã, conversei com a psicóloga e falei que queríamos que eles viessem para casa o mais rápido possível, antes do próximo final de semana. Ela sugeriu que fizéssemos visitas diárias para eles e que tentaria preparar o termo de guarda e autorização para desabrigamento para a sexta-feira. E assim fizemos: na própria segunda-feira, não conseguimos ir; na terça-feira fiz a visita sozinha, na quarta-feira meu marido foi sozinho e na quinta fomos juntos.

Durante essa semana, começamos a contar para eles e para as tias que cuidavam deles que eles iriam para casa em breve. Assim, elas também poderiam dizer para eles todos os dias que iriam morar com o papai e com a mamãe!

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