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A tal do passeio com fast food

Algumas pessoas me perguntaram o que eu tinha resolvido fazer com o passeio da escola com almoço no McDonald’s. Eu decidi não autorizar a participação dos meus filhos.

Eu tentei algumas coisas: conversei com a escola, conversei com outras mães e até liguei no parque para entender as opções. A única opção que todos me deram foi mandar um almoço saudável para meus pequenos. Mas só eles levariam uma comida diferente, já que as outras crianças comeriam fast food, e eu não queria fazê-los serem os únicos a comer uma comida diferente dos amigos em um dia de passeio. Levar um almoço diferente deveria ser uma escolha deles e, não, uma imposição minha.

Mas não foi só o fast food. O fato de ter fast food no passeio me fez pensar em outras coisas. Primeiro, era um passeio a um parque temático dentro de um Shopping Center, um lugar onde eu nunca iria. Nunca levo os dois a shoppings, sempre prefiro comprar as coisas para eles sozinha e depois voltar para trocar, se for necessário – acho que shopping não é lugar para criança passear. Segundo, não considero o parque temático uma “saída pedagógica”. Terceiro, custava muito caro.

A escola organiza cinco passeios por ano, todos são caros e eles sempre participaram de todos. Eu era a mãe que trabalhava muito e deixava os filhos na escola por horas e horas seguidas, ou seja, vivia com culpa e nunca tinha sequer cogitado negar um passeio. Hoje nossa vida está diferente. Estou fazendo poucos freelas e não ganho por dia o valor do passeio para os dois. E também não sinto mais culpa: viajamos oito (OITO!) vezes este ano, levei mais tarde para a escola, busquei mais cedo, fomos ao cinema no meio do dia, trouxemos amigo para brincar em casa no meio da semana, eles não foram para a escola em emendas de feriado. Não senti nenhuma culpa ao explicar para eles que eles já tinham participado dos outros quatro passeios do ano e que não iriam neste. Eles entenderam.

Eu tinha até pensado em não levar para a escola no dia do passeio, mas apareceram algumas aulas particulares no dia e não tô podendo recusar trabalho. Como Isaac tinha fono no dia e iria chegar mais tarde na escola, meu marido levou a Ruth para um café da manhã na padaria (e ela ficou muito mais animada com um café da manhã só dela do que tinha se animado com os outros passeios). Quando eles chegaram na escola, todos já tinham saído e eu expliquei que poucas crianças estariam por lá. À tarde busquei antes de as crianças voltarem. Dois dias antes tínhamos voltado de um camping na beira da praia e eles sabiam onde tínhamos decidido gastar nosso dinheiro (aliás, três dias acampando foi mais barato que o tal passeio). Foi tudo super tranquilo e não sofri nenhuma retaliação por não ter deixado ir ao parque temático. O comportamento deles me mostrou mais uma vez que criança quer presença e família. A gente passa muito tempo juntos e fazemos muita coisa juntos, então o passeio caro da escola com fast food não fez falta nenhuma. Sim, tenho certeza que foi divertido e que as crianças adoraram. Mas não ter ido também foi ok.

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Um elefante incomoda muita gente

UM ELEFANTE INCOMODA MUITA GENTE. NÃO COMER CARNE INCOMODA MUITO MAIS. (João Valio)

Encontrei essa frase no Facebook desse moço e estou apenas citando a fonte. Não o conheço. Aliás, não tenho muitos amigos vegetarianos ou veganos. Há muito pouco tempo fiz esse levantamento e só encontrei alguns ex-colegas de trabalho, a nutricionista e meu marido. Ninguém na família, nenhum amigo bem próximo. Não que isso seja um problema, isso só me mostra que somos minoria.

Aí é batata: você entra em um restaurante/ lanchonete/ café com alguém, faz perguntas sobre os ingredientes do prato para o garçom (tem leite aqui, moço? vai ovos?) e a pessoa que está com você imediatamente faz uma cara de espanto como se você tivesse pedido para incluir larvas vivas no prato e começa a discursar sobre os malefícios de não comer carne e sobre o quão normais são os processos de criação e abate de animais.

Gente, só deixem os vegetarianos e veganos comerem o que quiserem. Apenas deixem.

Em geral, eu nunca tento enumerar as razões pelas quais me tornei vegetariana e depois vegana porque são análises muito complexas para a cabeça do cidadão comum que não está aberto a pensar. Passam por saúde, meio ambiente e sofrimento animal. Mas não acho errado comer carne, acho uma escolha. Simples assim.

Pessoas lindas, aceitem a diversidade. É só isso que precisa ser feito. Aceitem a diversidade. Aceitem que existem pessoas felizes e esclarecidas que não consomem produtos de origem animal, que não acreditam em deus, que namoram com pessoas do mesmo sexo, que escolheram andar de bicicleta em São Paulo, que não consomem TV aberta ou fechada, que escolheram a adoção em vez da gravidez, que se separaram do pai/ mãe de seus filhos, que não querem fazer depilação. Aceitem a diversidade, só isso. Você também é feliz e esclarecido em suas escolhas, deixe o resto ser também.

Por um acaso (ou não por acaso), estou fazendo uma oficina de escrita criativa com seis mulheres e somos três veganas e uma se tornando vegetariana. Ai, quanto amor poder almoçar sem ninguém julgando meu prato de comida, gente! Coisa linda examinar o cardápio, fazer perguntas pro garçom, fazer um pedido com algumas substituições e comer conversando sobre outros assuntos que não o meu prato, a minha falta de proteína e se morro de vontade de comer brigadeiro em festa infantil.

Só pra ficar claro:

Aceitem a diversidade.

Aceitem a diversidade.

Aceitem a diversidade.

O mundo vai ser bem mais legal quando todo mundo aceitar a diversidade!

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A vida muda, e depois melhora

Há pouco tempo estava conversando com uma amiga e ela me disse que achava incrível como a natureza prepara as mulheres para virarem mães. Que no início da gravidez ela sentia muito sono e cansaço e ficou mais caseira, como se o corpo estivesse se preparando para a pausa nas baladas. E que no final da gravidez ela não conseguia mais dormir direito por causa da barriga enorme, como se o corpo estivesse se preparando para as mamadas noturnas e tudo mais.

Quando a gente adota não acontece nada disso, tá?

Eu tava lá trabalhando 14-16 horas por dia e saindo para jantar depois e acordando cedo para malhar e viajando aos finais de semana e meu corpo não mudou nada e eu estava fazendo o que desse na telha. Daí eles chegaram.

Não vou mentir. A vida muda muito com a chegada dos filhos. Tem que mudar. Nenhuma vida sem filhos pode ser igual a uma vida com filhos, as coisas mudam. Os horários, as preocupações, as tarefas domésticas, o sono, as prioridades, tudo muda.

Eu senti muito essa mudança toda. Não só porque adotei e não tive nove meses de preparação física, mas porque minha vida era bem diferente. Coisas que foram chocantes para mim:

  • Rotina. Durante a licença maternidade, ficávamos em casa todos os dias. E todos os dias, incluindo finais de semana e feriados, era aquela mesma coisa: eles acordavam cedo (gente, 6h no sábado, gente), eles tinham que fazer mil refeições todos os dias (não tem essa de almoçar amendoim e depois inventar um almojanta, sabe?), se dormissem tarde ou pulassem o sono da tarde ficavam irritados, e mais uma porção de coisas diárias que eu tinha que seguir. Eu estava acostumada a acordar cada dia em um horário, a voltar para casa cada dia em um horário, a almoçar quando desse fome e por aí vai.
  • Sair do trabalho às 18h. No início, era o máximo que eu podia ficar no escritório para chegar na escola no horário certo e já contei aqui, aqui e aqui como esse processo todo me estressava.
  • Ficar em casa todas as noites. Eu gostava de jantar fora, gostava de ir ao cinema à noite, trabalhava até tarde sem reclamar. Ter que voltar para casa e depois ter que ficar em casa até o dia seguinte foi algo bem difícil.
  • Ter preguiça de sair de casa. Porque eu tinha que levar uma mala com tudo que poderia precisar para cuidar deles, porque eu tinha que levar duas crianças e porque eu não podia relaxar e tirar o olho deles um único minuto. Dava muita preguiça.
  • Ser tirada do trabalho no meio do dia. Não sei por que eu tive a doce ilusão que crianças iam para escola e que mães iam trabalhar normalmente. Em meus sonhos, nenhuma escola me ligaria para nada e eu nunca teria que sair correndo para socorrê-los.
  • Mudar totalmente o lazer: comer fora era diferente, viajar era mais difícil, cinema exigia um planejamento muito maior que comprar ingresso e ir (com quem vão ficar? que horas dá para ir? preciso fazer mala para deixar na vó?), ir a uma festa de casamento parecia impossível.
  • Ter que fazer (aka responsabilidade): parece básico, mas funciona assim: se não der banho, eles não tomam banho. Se não escovar os dentes, eles não escovam sozinhos. Se não trocar a fralda, vaza tudo na roupa. Se não levar no médico, perde o timing das vacinas. Se não fizer comida, morrem de fome. Se não compra roupa nova, eles saem por aí com calças curtas e camisetas baby look. Cara, é muito processo. É muita coisa para fazer.

Mas aí tudo melhorou. Não sei se foi a idade (love you, 4 anos), não sei se foram todas as mudanças que fiz na minha vida para me entender com todas as mudanças que meus filhos trouxeram, não sei se simplesmente entrei no esquema.

Em pouco tempo, estar em casa no final do dia não era uma obrigação, mas, sim, o maior prazer do meu dia e comecei a querer chegar cada vez mais cedo. Eles dormem e eu fico em casa sem nenhuma ansiedade. Durante um tempo eu tinha uma folguista para poder sair no sábado à noite enquanto eles dormiam, mas tem uns seis meses que não a chamo. Simplesmente gosto de estar na minha casa e de ir até o quarto deles caso precisem de alguma coisa. E gosto de passear com eles e de levá-los junto comigo. Escolho filmes e peças infantis e me divirto muito, planejo viagens, levo em festas, frequentamos restaurantes e até levei os dois em eventos da empresa do namorado. Eles fazem parte de mim e damos um jeito de adaptar o programa para crianças. Hoje eu já não sinto mais o “não posso”, “não vai dar”, “vai ser muito difícil”. Pelo contrário, eu acho que posso fazer o que eu quiser de novo.

Minha vida é muito melhor que há 3 anos e meio atrás. A sensação que tenho em relação à minha vida pré-filhos é a mesma que tenho com relação aos meus anos de colégio: morro de saudades de só estudar, dos amigos da época e dos papos que eu tinha na época, das preocupações com as provas e ficantes, das tardes livres, mas não me vejo jamais experimentando essa vida novamente.

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Mas é só de vez em quando

Veio na agenda da escola um comunicado sobre a próxima excursão e lá estava escrito que o almoço das crianças será no McDonalds. Eu achei um horror e minhas colegas-mães se dividiram em dois tipos de opiniões: “também sou contra” e “só de vez em quando não faz mal”.

Sim, só de vez em quando, só essa vezinha não vai matar ninguém. Ninguém vai mudar os hábitos alimentares drasticamente, ninguém vai passar a querer apenas McDonalds todos os dias. É só uma vez no ano. Então, qual o problema com o almoço no McDonalds, Ruri?

Vamos aos conceitos. “Só de vez em quando”, para mim, é aplicado a coisas especiais que não podemos fazer no dia a dia. De vez em quando meus filhos ganham um presente, um brinquedo novo, uma roupa nova. De vez em quando nós vamos viajar. De vez em quando busco os dois na escola logo após o almoço para irmos ao cinema. De vez em quando alugamos um carro e passamos o domingo na praia. De vez em quando tem uma excursão na escola.

Coisa ruim a gente não faz nunca por querer. Ninguém programa uma coisa ruim para ser feita só de vez em quando. Se é ruim, não fazemos. Ah, ok, me coloca numa situação extrema: se eu estivesse num deserto, se os dois estivessem há 12 horas sem comer e se eu soubesse que não teríamos outra comida pelas próximas 5 horas, sim, eu daria um lanche do McDonalds para eles. Repito: coisa ruim a gente não faz por querer: a gente faz sem querer ou em situações extremas.

Na minha opinião, a questão do McDonalds no passeio da escola não é se vai fazer ou não mal para saúde ou para alimentação dos meus filhos. Meu problema está em associar uma coisa ruim (ruim mesmo em vários aspectos: comida de péssima qualidade, venda casada com brinquedos e tudo o mais) com uma coisa bacana e especial como é uma excursão com os amigos da escola. Se vamos fazer uma coisa especial, vamos colocar apenas coisas especiais no pacote. Não vejo motivos para incluir um treco ruim em um dia especial. Não faz o menor sentido associar o McDonalds a todas as coisas legais que a gente só faz de vez em quando. É como se McDonalds fosse tão especial quanto o presente, a viagem, os passeios e a excursão da escola.

Não.

Não pode.

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Veggie

Chorei lendo as notícias sobre os porquinhos no Rodoanel.

Fiquei feliz por ser vegetariana. Feliz porque eu não iria consumir a carne desses porquinhos no almoço de domingo.

Fiquei bem triste por causa dos porquinhos.

Quando virei vegetariana, eu já era mãe há uns 8 ou 9 meses, mais ou menos, e meus filhos consumiam carne, frango e peixe em casa e na escola. Foi um desejo meu, por diversas razões que eram só minhas, e só eu parei de consumir carne na família.

Eu não quis insistir em uma alimentação vegetariana na escola por dois motivos. Primeiro, eles já tinham dois anos e já sabiam o que era a “carninha” e o “franguinho”, então achei que eles estranhariam muito se a escola tirasse esses alimentos dos pratos deles enquanto os amiguinhos continuariam comendo as mesmas coisas todos os dias. Não quis que eles achassem que a mamãe e a professora resolveram proibir algo que era normal de uma hora para a outra. Em segundo lugar, porque acho – ainda acho – que se tornar vegetariano é uma decisão pessoal, e fiquei esperando os dois crescerem um pouco mais para falar sobre isso.

Em casa, só tem carne de soja, mas nunca conversamos sobre a diferença entre a carne que vem dos animais e a carne que comemos. Quando visitamos alguém e tem carne animal na refeição, eles comem se quiserem, eu não como, e eles nunca questionaram. Eu achava que devia deixá-los à vontade para perceber que não como carne, que não compramos carne em casa, para perguntar, para formar a opinião deles e, só então, decidir. Sem pressa.

Até hoje.

Hoje fiquei pensando que eles já são capazes de entender que os animais sofrem. Que a carne que comemos muitas vezes vem de um bichinho que não viveu e/ ou não morreu com diginidade e que, portanto, sofreu. Hoje fiquei pensando que já está na hora de, aos pouquinhos, começar a conversar com meus dois mocinhos sobre o assunto e incentivá-los a pensar.

Alguém aí é mamãe vegetariana ou papai vegetariano e quer me dar umas dicas?

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Pedro Henrique

Pedro Henrique e seus pais estavam em uma mesa ao lado da que eu estava no quiosque. Fiquei ao lado da família de Pedro Henrique por uns 40 minutos. Ele tinha uns dois anos.

Seu pai estava tomando um refrigerante e comendo um salgadinho de pacote. Durante o tempo em que estivemos lado-a-lado, ouvi o pai e a mãe de Pedro Henrique oferecerem diversos quitutes.

– Quer um gole de refrigerante, Pedro Henrique?

– Pega um pouco do meu salgadinho, Pedro Henrique. Ou você prefere a batatinha redondinha?

– Quer pipoca doce, Pedro Henrique? Vamos lá procurar o pipoqueiro?

– Quer um picolé, Pedro Henrique, ou um sorvete com cobertura de chocolate?

– Quer ir comprar pão de queijo, Pedro Henrique?

– Quer ir na padaria escolher um pão docinho, Pedro Henrique?

O pai e a mãe do Pedro Henrique insistiram bastante, mas Pedro Henrique não aceitou nada. Não estava com fome, suponho. Ou já tinha comido muitos outros quitutes antes de eu chegar. Eu não entendo como um pai ou uma mãe ficam insistindo tanto para que uma criança coma alguma porcaria. “Ah, é que hoje ele não almoçou bem.” – ótimo, leve-o para casa e faça um jantar. “Ah, mas é só de vez em quando” – não, não é. Pelo sotaque, acho que Pedro Henrique e sua família moram na cidade. Por acreditar que moram na cidade, acredito também que Pedro Henrique freqüente bastante a praia com seus pais. Ou seja, com freqüência Pedro Henrique deve brincar na areia enquanto seus pais tentam fazer com que ele coma alguma gordura trans, algum açúcar, algum glutamato monossódico ou algum conservante mucholoco.

Pedro Henrique pode ter uma história parecida com esse moço do vídeo. Esse aí pode ser o futuro de Pedro Henrique.

Boa sorte, Pedro Henrique.

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Tô contigo, Bela Gil

– Filho, tem sanduíche de frango, queijo e berinjela. Qual você quer?

– Berinjela.

Até umas duas semanas atrás, eu não sabia nada sobre Bela Gil, até que a foto da lancheira de sua filha pipocou na minha taimelaine, junto com mensagem de pessoas inconformadas com a crueldade da mãe, morrendo de dó da coitadinha da filha.

Coitadinha? Coitadinhas das crianças que vejo comendo salgadinho Fofura no metrô, isso, sim. Coitadinhas das crianças que não têm ninguém que se preocupe com a alimentação delas. Coitadinhas das crianças que tomam refrigerante, das que consomem balas, das que não comem verduras. Aí, sim, tenho dó.

“Me deprime adulto que acha esquisito criança que come verdura. Alguém lembra da propaganda com o menininho e a mãe no supermercado, pedindo para ela comprar brócolis e chicória? “Essa criança provavelmente não existe” dizia a propaganda e todo mundo achou graça, e ainda achou que bom mesmo era dar achocolatado com açúcar e vitaminas artificiais para as crianças.”, eu escrevi há uns dois anos lá no Rotulices. De lá pra cá, esses adultos continuam me deprimindo. No dia em que meu filho escolheu o sanduíche de berinjela, a moça do café me perguntou “mas ele vai conseguir comer sanduíche de berinjela?”. Por que, moça, tá muito estragado?

Garantir a educação alimentar dos filhos é papel da mãe. Você está certa, Bela Gil. Tô com você nessa briga diária para educar o paladar deles e ensiná-los a fazer as melhores escolhas. Tenho super orgulho do paladar dos meus filhos e aprendi a ignorar os olhares espantados das pessoas quando eles estão comendo salada, fruta ou qualquer outra coisa absolutamente NORMAL na alimentação de um ser humano.

Há pouco tempo comprei um leite com baixo teor de lactose sem nenhuma razão específica: só tinha esta opção da marca que costumo comprar quando fui ao supermercado e trouxe para experimentar. Minha filha amou e vive dizendo que quer o leite docinho. Na embalagem está escrito “para produzirmos leite integral de baixa lactose nada é retirado do nosso leite. A lactose é dividida em glicose e galactose, mediante a adição de lactase”. Essa glicose que aparece aí deixa o leite levemente, quase nada, mais doce e ela adora. Se sua criança está acostumada a tomar leite com achocolatado, nem adianta tentar. Minha filha só consegue ter esta sensibilidade porque toma leite puro desde bebê, sem nenhum açúcar.

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Bola

Eles foram dormir no sábado e eu fui fazer um bolo de cenoura com cobertura de brigadeiro. Na verdade, eu fui fazer esláides, e achei que merecia uma gordice.

No domingo, contei toda feliz que tínhamos bolo de cenoura pro café da manhã. Aí meu filho olha torto:

– Não é de cenoura. Parece chocolate.

– É cobertura de chocolate, mas o bolo é de cenoura.

– Eu não gosto de cobertura.

Comeu só o bolo, nem tocou no brigadeiro. Quando me devolveu o prato, anunciou:

– Eu não quero virar um bolota.

Tomem essa, tá?

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Abaixo os pirulitos

Toda vez que abro a mochila de meus filhos e encontro lembrancinhas das festinhas de aniversário na escola (i.e., pacotinhos recheados de balas, pirulitos, chicletes, adoçantes e corantes), eu imediatamente transfiro para minha mochila e entrego para minha equipe ficar feliz e adoçada no dia seguinte.

Tudo bem transparente: meus filhos sabem que eu não deixo comer balas, pirulitos e afins e minha equipe sabe que estou dando para eles o que não dou de jeito nenhum para meus pequenos.

É assim que sou mãe e é assim que sou chefe. 😉

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Chocolate da discórdia

Meu filho voltou da escola esses dias e trouxe dois bombons na mochila. Pelo que entendi, um amiguinho deu de presente para comemorar o início das férias.

Apesar de ter melhorado muito, eu ainda sou mãe neurótica com alimentação saudável. Não costumo dar doces para eles de forma aleatória e, sendo bem justa, eu também não como doce e sobremesa em ocasiões não-especiais.

Quando eles eram menores, essas guloseimas que voltam na mochila iam para o lixo e eles nunca deram falta. Com mais de três anos, eles se lembram do que foi colocado na mochila e ele me perguntou dos chocolates quando chegou em casa.

– Filho, você não vai comer chocolate durante a semana. Vou deixar os dois bombons aqui em cima da mesa e te dou no sábado. Como são dois, você pode dar um para sua irmã, o que acha?

– Combinado.

Os dois bombons ficaram a semana toda na mesa, sem crise. Ele via todo dia, me perguntava se já era sábado, eu respondia que não e ficava tudo bem.

No sábado, tive que ser justa. Quando ele perguntou, respondi que já era sábado e que ele poderia comer depois que terminasse a fruta que estava comendo. Abri, dei na mão dele e pedi para tomar cuidado com a roupa.
Ele mordeu e me olhou com cara muito feia:

– Posso cuspir? Não gosto, mamãe.

Mamãe 1 x 0 chocolate.

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