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Quem é esse?

Odeio futebol. Nem Copa. Nem jogo do Brasil. Não gosto.

E esses dias ouvi Isaac dizendo alguma coisa pra Ruth e entendi que ele estava falando sobre o Neymar. Bateu aquela decepção de ter filho fã de jogador de futebol, confesso.

– Isaac, você sabe quem é Neymar?

– Sei!

– Ah… – cara de decepção.

– Um peixe! PROCURANDO NEYMAR. – aquele sorriso imenso no rosto de quem acertou a resposta.

Iééééééé. Esse é meu filho!

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Aqui não tá tendo copa

Eu juro que não me tornei uma pessoa amargurada nesse mês só porque odeio futebol. Tô indo bem até. Não vi nenhum jogo, mas sei que está tudo bem com o Brasil, sei que Itália, Espanha e Japão já foram eliminados. Não tô torcendo contra, juro. Coloquei até camisa do Brasil nos dois bebês nos dias de jogo, para irem para escola em clima de copa. Tô mó legal.

Na última segunda, teve jogo no meio do dia. Isso eu não gosto. Nada que faça com que a escola feche mais cedo, especialmente antes do jantar, me fazendo cozinhar em plena segunda-feira, pode ser legal. Mas não tive escolha, tive que fazer o jantar. Então a cidade estava em festa, muitos fogos de artifício, gritos e buzinas por aí, e nós três estávamos comendo tranquilamente na cozinha às seis da tarde (jantei junto, não resisti). Durante um dos gols, minha filha me falou:

– Mamãe, você não gosta de barulho, né?

“Não gostar de barulho” é usado aqui em casa em vários contextos: quando eles gritam, quando eles jogam coisas no chão, quando eles pulam ou pisam forte no chão (principalmente quando estão de sapatos), quando batem nas coisas (especialmente usando objetos), quando fazem muito escândalo. Eu vivo dizendo que não gosto de barulho.

– Não, não gosto de barulho, filha.

– Tá, mas, por favor, não chora. Não precisa chorar. Já já o barulho vai acabar, tá? Espera um pouquinho que já passa, tá?

Adoro esses surtos de maturidade que crianças de três anos às vezes têm.

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Mamãe 1 x 0 futebol

Assim, do nada:

– Mamãe, compra uma camiseta do corinthians pra mim?

Vai, mamãe, tem que pensar rápido.

– O que é corinthians, filho?

Cara de interrogação, umas gaguejadas e:

– Mamãe, posso brincar com o livro de adesivos?

1 x 0 pra mim, futebol.

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Não vai ter copa

Queridos filhos,

Na nossa casa não vai ter copa. Eu sei que vocês têm feito uma série de atividades na escola relacionadas à copa do mundo, mas não sei exatamente o quanto vocês entenderam sobre o assunto porque não falaram sobre isto em casa ainda. Não sei se tinham expectativa de assistir jogos com a mamãe. Mas nós não vamos acompanhar a copa do mundo, tá?

É que é assim ó, a mamãe não costuma acompanhar a copa. Minha primeira e última copa foi em 1994, durante as férias escolares, quando me reunia com os amigos do prédio para os jogos e – confesso – me diverti. Depois disso, não lembro mais de copas. Ou porque era de madrugada, ou porque eu estava trabalhando e sempre aproveitava os horários de jogo para me locomover pela cidade (gente, na boa, sair 1 hora antes do jogo e pegar o trânsitodosinfernos se eu podia sair no meio do jogo e chegar em casa tranquilamente?), ou porque eu tinha outras coisas mais legais para fazer.

Acontece que odeio futebol. Nem sempre foi assim, porque em algum momento da adolescência eu tentei me incluir no “socialmente aceitável”, tinha um time preferido, discutia os resultados de jogos e tal. Depois resolvi assumir que odeio.

Não é o esporte em si que eu odeio. Nada contra pessoas chutando uma bola para dentro do gol. Eu odeio: 1) brigas de torcidas, 2) movimentação exagerada de dinheiro em torno desse esporte, 3) gente que deixa de fazer qualquer outra coisa para assistir jogo, 4) gente que parece que só sabe falar sobre futebol, 5) multidões comemorando vitórias no meio da rua, 6) gente que sai na janela e xinga o vizinho no meio do jogo, 7) gente que chora quando o time perde a final do campeonato.

Desde que eu soube que a copa de 2014 seria no Brasil, fiquei me prometendo que tiraria férias e que passaria um mês fora do país. Mas com filhos e com um emprego novo, não organizei férias durante a copa e estou arrependida. Porque a copa será aqui e o clima não é de festa. Tem um clima de tensão no ar o tempo todo e fico feliz por vocês não entenderem essas coisas ainda. Tem greves (e elas podem piorar na copa), tem manifestações (e elas podem piorar na copa), tem amigos, colegas de trabalho, clientes e até motoristas de táxi reclamando que a economia vai parar durante a copa, que não vão conseguir trabalhar, que o país vai entrar em recessão. É um clima de depressão pré-copa. É um clima de medo. Não tá legal. E não aguento mais ouvir pessoas dizendo “imagina na copa”.

No dia seguinte aos jogos, vocês irão para a escola e vão estar por fora dos acontecimentos. Como a mamãe, tá? Nós vamos saber o resultado do jogo porque não somos tão alienados assim, mas não vamos saber as melhores jogadas, quem fez os gols, nomes de jogadores, esse tipo de detalhe. Nunca sofri bullying por não saber nada sobre futebol, então vocês também vão lidar bem com isso. Eu não sei o nome de nenhum jogador da seleção atual e não sei contra quem o Brasil vai jogar nos três jogos que estão na minha agenda do trabalho, e a gente vive bem sem essas informações, fiquem tranquilos.

Amo muito vocês dois.

Beijos

Mamãe Ruri

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Bisavó moderna

Domingo foi dia de levar os bebês para visitar a bisavó Ruth, mãe do meu pai, minha avó italiana. Eu já sabia que não deveria esperar uma macarronada caseira com um bolo caseiro de sobremesa, porque minha avó parou de cozinhar há alguns anos. O que eu não esperava era ouvir minha avó me dizer, logo após abrir a porta do apartamento dela:

– Esperem um pouquinho, que tem três minutos de prorrogação e quero ver se o Corinthians faz um gol. O empate é nosso, mas mesmo assim seria bom sair um gol.

Oi?

Sério, vó?

Cadê as velhinhas de antigamente, senhor?

PS: sim, acabei de criar um tag chamada “futebol” no meu blog. E não foi por causa do papai, ou do vovô, ou de nenhum amigo corinthiano. Foi por causa da minha avó!

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