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Acampamento, festa do pijama ou sábado do pânico

Aí veio o aviso sobre o acampamento da escola numa sexta à noite e eu logo pensei: “obaaaaaaaa vale night, balada extraaaaaa”. Paguei a taxa, os dois ficaram super ansiosos, eu fiquei toda animada.

Começa às 20h na sexta e tem um programação intensa, com caça ao tesouro, festa do pijama, pizzada, baile, gincana. Vai madrugada a dentro, pensei, eles lá, eu por aí. Aí vi a última linha: “senhores pais, favor buscar até 7h no sábado”.

SETE? Mai que catso de vale night é esse que me faz acordar às 6h no dia seguinte? Aí pensa. Aqueles dois seres que brincaram a noite toda vão acordar que horas pra tomar café e estarem prontos pra eu buscar às 7h, umas 5h da matina? Que delícia de sábado eu vou ter com duas crianças que não dormiram nem 5 horas na noite anterior, né? Affff.

Aí eu li no rodapé: “os pais que não vierem até 7h pagarão multa pelas horas extras de funcionários do colégio”. Tô quase ligando lá e já negociando pagar a multa e taxa de almoço junto, será que rola?

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Bad decision

Quando Isaac começou a falar e a cantar, ele já tinha aprendido a “se ninar” sozinho. Eu o colocava na cama, dava beijinhos e carinhos, dizia boa noite e ele ficava no escurinho até dormir. Sempre foi muito tranquilo. As musiquinhas vieram e começaram a fazer parte deste ritual só dele: depois que eu saía do quarto, ele cantava para si próprio uma musiquinha fofa de criança e logo dormia. Era uma fofura só. Tanta fofura que às vezes eu até ficava do lado de fora do quarto ouvindo a musiquinha fofa dele.

Não ter feito alguma coisa para ele mudar este processo foi a pior decisão que tomei. Se tem algo que eu queria ter feito diferente é a musiquinha da noite. Gente do céu, que coisa.

Hoje Isaac é uma criança de quase cinco anos com uma voz que chega no térreo. Hoje nosso apartamento é menor e os quartos são colados um no outro, então Isaac canta e Ruth grita pra reclamar que não consegue dormir. As musiquinhas não são exatamente fofas: às vezes rola um “livre estoooooooooooooouuuuuuuuu”, às vezes rola uma funkeira insuportável sobre a qual já falei aqui, às vezes algumas composições próprias. E ele também não canta mais UMA musiquinha; ele canta umas DOZE.

Aí todos os dias eu tenho que conversar com ele sobre os motivos pelos quais ele não pode cantar para dormir. Explico, explico, explico. Saio do quarto e ele volta a cantar. Volto pro quarto, saio do quarto, volto lá, e assim seguimos na cantoria diária até ele capotar de sono. Já me ofereci várias vezes para ficar com ele fazendo carinho até ele dormir, mas ele não quer; me diz para eu sair e deixá-lo cantar. Ele já me prometeu cantar bem baixinho, mas ele se esquece de cantar baixinho em 30 segundos e logo o porteiro volta a ouvi-lo. Acho que passei um ano achando a musiquinha da noite fofa e estou há mais de dois tentando me livrar dela. Aí hoje ele me disse assim: “mas é que eu gosto de cantar no escuro sozinho e quando eu era pequeno você deixava”. Mano, que memória. Por quê, meldels, por quê?

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Desastre

Tem aquele momento de paz, em que as crianças dormem tranquilamente no quarto e você está confortavelmente no sofá mexendo no computador. Aí você apoia o pé em uma boneca que estava fazendo sei-lá-o-quê embaixo da almofada, e ela começa a cantar musiquinhas irritantes uma atrás da outra, e não tem botão “stop”, e você lamenta que o apartamento tenha tela nas janelas.

Mano, que ódio.

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Coisa boa na vida de mãe solteira

Na verdade, não são só as mães solteiras que vão se identificar com relatos de situações onde “tem que ser a mamãe”.

1) Você está sentada almoçando e a criança quer fazer cocô. A vovó, que já terminou de comer, se oferece prontamente para levar e a criança manda um “não! quero a mamãe!”.

2) Você chega em casa cansada e a tia que faz tempo que não visita pergunta se pode ajudar com o banho. “Nããããooo! Mamanhêêêê!”.

3) A criança está pulando, correndo e gritando na festinha e nem tchum pra você. Aí cai, machuca e vem correndo pular no seu colo, e não deixa ninguém mais chegar perto para ver o que aconteceu.

4) Você vai deixar na casa do vô para passar o dia e a criança não te deixa ir embora, e você tem que sair se arrastando por trás do sofá enquanto ela se distrai com alguma coisa (e fica morrendo de dor no coração).

5) E, por fim, tem aquele monte de vezes que você está quentinha e sonhando com o Sawyer e ouve um “mamãe” no meio da madrugada, que te faz sair da cama e ir lá ver o que está acontecendo no quarto ao lado.

Aí, uma bela madrugada, você ouve o inesperado:

– Tiiiiiiiiiiiiio?

Acorda. Estranha. Espera uns segundos. E ouve de novo:

– Tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiio?

Gente. Que coisa linda. Criança chamando de madrugada e não é comigo. Não sou eu que tenho que ir. Não vou levantar. Cara, que alegria. Perdi o sono mesmo assim, mas não levantei, não. Só cutuquei o cidadão ao lado: “desculpa interromper o sono, mas acho que é com você”. Me cobri até a cabeça e fiquei rindo sozinha.

Juro que não fui eu que dei a ideia pra ela. Nem falei nada a respeito. Nem vou incentivar. Só vou ficar mentalizando antes de dormir: “Ruth, chama o tio hoje, chama o tio hoje”.

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Nightmare

Você arruma um namorado e está dormindo com ele. No meio da madrugada, você começa a esmurrar e socar o moço com todas as suas forças, tentando acertar o nariz dele. Ele segura suas mãos, acende a luz e fica muito bravo. Por pouco ele não sai correndo no meio da madrugada. Fim.

Em meus sonhos, eu estava num happy hour com os culegas da firma que já durava umas cinco horas. Tava abrindo a nona garrafa de vinho e dando gargalhadas. Não tinha hora pra voltar pra casa, porque meus filhos estavam com o dito-cujo, que tinha buscado na escola, dado banho, comida e colocado para dormir. Quando olho pra porta do bar, vejo o moço sorridente chegando pra me dar um abraço. “Cadê as crianças?” – eu pergunto. “Estão nanando. Eu chequei, estavam num sono pesado, não vão acordar, então vim aqui te encontrar”. Nessa hora eu voei no pescoço dele e a história termina conforme o parágrafo acima.

Fatos:

1) Se já me diziam que seria difícil arrumar namorado sendo mãe solteira de gêmeos, imagina sendo sonâmbula desse jeito.

2) Mãe é mãe até sonhando. Ruth e Isaac, fiquem tranqüilos que mamãe defende vocês até dormindo.

3) No fundo, como se vê pelo sonho, uma mãe solteira não quer namorar para ter companhia no sábado à noite. A gente quer namorar pra poder ir pra balada sozinha sem precisar pagar babá folguista. Fica a dica, amor.

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Como é grande o meu amor por vocês

Sábado à noite. Tínhamos passado o dia todo fora de casa e eles caíram duros na cama às 19h30. Às 20h30 eu estava sozinha no sofá, de pijama, com cobertorzinho e vinho, assistindo House no Netflix, um pouco deprê com o silêncio da casa. Senti fome. Avaliei as opções: 1) cozinhar só pra mim = não, 2) pedir pizza = ter que me vestir para ir até o térreo = não ou 3) comer as sobras do almoço.

Me arrastei até a cozinha me sentindo a pessoa mais coitada desse mundo e dei de cara com esse desenho em cima da mesa.

desenho da ruth

Não tinha visto ela fazendo um pouco antes de dormir. Abri o maior sorriso da semana toda. Me senti a pessoa mais feliz do mundo porque minha casa tem essas fofuras que aparecem assim do nada.

Me senti especial por ser tão importante para esses dois monstrinhos. Me senti feliz por eles estarem em casa, nanando, tranquilos. Senti que eu não estava lá abandonada em casa num sábado à noite, mas que estava cuidando deles, esperando alguém chamar para ir ao banheiro ou para cobrir de novo ou para simplesmente mais um beijinho para dormir. Senti que estava em casa no sábado à noite sendo mãe.

Fui até os quartos, embrulhei cada um em seu cobertor, mordi as bochechas e comi o arroz com ovo frito mais gostoso de todos os tempos.

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Desfralde noturno

Confesso: enrolei muito. Minha filha já estava madura para o desfralde noturno há um tempo (eu acho, não dá pra ter certeza), mas eu esperei o inverno acabar, esperei o verão chegar de vez, esperei as férias, esperei mais umas semanas, respirei fundo e tiramos a fralda da noite.

Foi simples e ela se saiu bem. Alguns escapes, nada de outro mundo. Mas essa história de levar criança pra ir ao banheiro meio dormindo é dose. Desfralde noturno acaba com a paz. A criança tá lá bem linda dormindo a noite toda e você inventa um intervalo, um “levanta da cama e vamos ao banheiro” e fica rezando pra ela não inventar de acordar de vez no meio da madrugada (nunca aconteceu). Nas primeiras semanas, eu colocava despertador no meio da madrugada pra checar se ela estava seca, uma crueldade pra quem acorda religiosamente todo dia às 6h. Não gosto nem de lembrar.

Agora estamos bem acertadas. Ela dorme cedo e eu a levo no colo para um xixi antes de eu deitar. Ainda não estou 100% confiante que ela aguenta 10-12 horas seguidas e prefiro fazer a voltinha ao banheiro enquanto ainda não dormi, para não interromper meu sono. Ela dificilmente me chama depois disso e tá tudo lindo.

Mas eu tenho gêmeos. Falta o outro. Meu filho não tá tão pronto, porque ainda deixa escapar xixis na calça com frequência durante o dia. Então eu pretendia esperar o tempo dele, com calma, talvez no verão que vem. Mas ele cresceu e não há fralda que aguente a noite toda. Molha pijama, molha cama, mesmo com fralda. Não temos água em São Paulo, não dá pra ficar lavando lençol todo dia. Eu poderia trocar a fralda dele no meio da noite, mas já basta a hora extra de fraldas noturnas para impactar o meio ambiente. Então, lá fui de novo, mas desta vez fiz diferente: nós combinamos que a fralda tem que acordar seca. Que não pode molhar a fralda. Que tem que me chamar pra fazer xixi. E ele topou o desafio. E cá estou eu sendo chamada de madrugada para xixis, saindo do quarto feito zumbi.

Não gosto de acordar no meio da noite. Ninguém gosta, né? Eu não consigo esconder meu mau humor. Só não vou reclamar porque estou sofrendo com isto só depois de quase três anos de maternidade. Para todas as mamães cujos bebês demoraram para começar a dormir a noite toda, meu abraço apertado e carinhoso. Vocês merecem.

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Apaixonei

– Boa noite, filha. Você é muito linda, não esquece, dorme bem.

– Mamãe?

Volto, abro a porta e ouço:

– Você é linda e maravilhosa.

– E você é a menina mais linda.

– E o Isaac?

– O Isaac é o menino mais lindo.

– Mamãe? Eu vou casar com você e o Isaac também vai casar com você, tá?

– Tá!

Nós já somos casados, né? ❤

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Apaga a luz

– Filha, arruma logo suas coisas pra dormir, que a mamãe vai apagar a luz.

– Precisa apagar a luz?

– Sim, não pode dormir com a luz acesa.

– Senão fica com dor de barriga, né?

Hein?

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Mãe não é tudo igual

Quem inventou esse negócio de “mãe é tudo igual, só muda de endereço” só pode estar doido. Depois que virei mamãe, e passei a acompanhar blogs, posts e conversas de outras mamães, percebi que as mães são, sim, muito diferentes uma das outras. Mães são uma combinação de opiniões fortes a respeito de temas polêmicos, e é impossível dizer que são todas iguais.

Não tô dizendo que tem certo ou errado. São opiniões, pontos de vista. Não se ofendam, não, tá? Mas aí vão alguns assuntos que tornam as mães muito únicas:

  • Tipo de parto: tem mães que defendem o parto normal, humanizado, na água, em casa, de cócoras, sem médico, sem hospital, e depois comem a placenta. Tem mães que acham prático agendar dia e horário e aplicar uma boa anestesia, para não ter sofrimento nenhum. Essa polêmica não fez parte da minha vida, então não tenho nenhuma opinião. Tenho uma opinião muito forte sobre visitas aos recém-nascidos. Bem forte, quase mal educada. Imagina que você é um serzinho pequenino, que viveu nove meses dentro da barriga da sua mãe, quentinho, embrulhadinho, com poucos barulhos, pouca luz, bastante conforto e comida em livre demanda. Imaginou? Agora imagina que você teve que sair desse mundo confortável (por parto normal ou por cesárea, não importa!) e veio para o mundo exterior de uma hora para outra, sem período de adaptação nem nada. Imaginou? Aqui fora tem barulho, tem sujeira, tem gente falando alto, tem gente ouvindo axé, tem luzes, tem o Faustão falando na TV, e você precisa chorar para perceberem que está com fome. Eu não consigo imaginar nada mais traumático do que nascer, sério mesmo. Deve ser o pior momento de nossas vidas. Mas não tem jeito, tem que nascer. Cara, mas aí eu me pergunto: por que as pessoas vão visitar um serzinho que acaba de passar por essa experiência traumática nos primeiros dias de vida, e querem pegá-lo no colo, apalpar seu corpinho, dar beijinhos, fazer comentários em voz alta, em vez de deixá-lo se adaptar a essa triste realidade no colo de sua mãe? Por que, minha gente? Se eu tivesse parido, ia proibir as visitas. Desculpem a falta de educação, mas eu ia.
  • Amamentação: aí tem as mães que fazem questão de amamentar exclusivamente até os seis meses de vida, sem admitir um leitinho artificial, e depois continuam oferecendo o peito em livre demanda até que seus filhos desmamem naturalmente aos 2 ou 3 anos. Tem outras que – por motivos diversos – abrem mão da amamentação quando o bebê tem poucos meses de vida. Esse é outro assunto que não fez parte da minha vida de mãe. Se, por um lado, eu odeio coisas artificiais na alimentação dos meus filhos, por outro lado acho que eu ficaria um pouco louca se tivesse que ficar totalmente à disposição da(s) cria(s) para alimentá-la(s) durante seis meses ininterruptos. Difícil, hein?
  • Cama compartilhada: gente, é tanta coisa. Tá, eu não passei pelo período “recém-nascido mamando a cada 2 horas”, porque tendo a concordar que facilita a vida de todos se o bebê estiver no quarto da mãe. Também tendo a concordar que, depois de ter passado pela experiência traumática citada no primeiro bullet, é muita judiação deixar o coitadinho sozinho em um quarto desconhecido durante a madrugada. Difícil. O que eu não consigo entender é a falta do que vou chamar de “tempo de adulto” na vida das mães que fazem cama compartilhada. Explico: eu estou aqui na sala da minha casa enquanto meus filhos dormem tranquilamente no quarto deles há umas duas horas. Estou curtindo meu “tempo de adulto”, quando janto, tomo banho, leio, escrevo, fico em silêncio, trabalho, assisto um filme de adulto ou durmo. Se a mãe faz cama compartilhada, imagino que ela vá dormir junto com o filho, ou estou enganada? E não tem nem um tempinho só de adulto na vida? Aí hoje li esse post aqui, que cita a vida sexual das mães que fazem cama compartilhada: Você tem sofá/futon/chuveiro/ outros cômodos na casa?, a autora pergunta. Sim, todo mundo tem. Só não quer dizer que o sofá/futon/chuveiro (gente, please, e o tanto de água que isso deve gastar?)/ outros cômodos na casa sejam os mais legais para isso, né? Quer dizer que pós-nascimento dos filhos a cama de casal deixa de ser palco da vida sexual e os pais passam a utilizar outros locais na casa não originalmente concebidos para tal?
  • Trabalhar fora ou ser mãe em tempo integral: ser mãe e ter um emprego full-time é f. Você está sempre com a sensação que não faz nada direito e vive se sentindo culpada. Frequentemente, uma coisa invade o espaço dedicado a outra coisa e a culpa cresce ainda mais: é criança que fica doente e te obriga a faltar no trabalho ou é o trabalho que não termina na hora certa e te faz atrasar para chegar em casa. Aí você está no trabalho pensando nas coisas do filho e está em casa pensando que não respondeu aquele último e-mail antes de sair. É f. Mas f mesmo deve ser a vida de mãe em tempo integral. Vida de mãe em tempo integral não tem final de semana ou horário de almoço ou pausa para o café. A mãe em tempo integral é responsável por todas as refeições, todos os xixis e cocôs (na fralda ou no vaso, até que aprendam a se limpar sozinhos), por todas as brincadeiras, por todas as birras, por todos os banhos, todas as broncas. A mãe em tempo integral não pode simplesmente marcar um almoço com uma amiga, porque não pode deixar o filho sozinho em casa. Eu sei bem como essa vida é difícil porque tirei quase seis meses de licença maternidade. Admiro as mães em tempo integral, porque acho que a vida delas é bem mais difícil que a minha, que sou mãe que trabalha.
  • Escola ou babá: o que vou discutir não é nem a questão de deixar o filho aos cuidados de uma pessoa contratada para tal função, que não é da família, que pode pedir demissão a qualquer momento, com quem a criança criará laços profundos. Eu fico me perguntando como é que os pais garantem que a babá está entretendo seu filho de uma forma bacana, variando as brincadeiras, não os deixando morrer de tédio ou mofar na frente da televisão. Durante os finais de semana, eu frequentemente não tenho imaginação para ocupar e estimular meus filhos como eles precisam durante as 48 horas, e sofro com birras e momentos de tédio, quando eles resolvem fazer tudo o que sabem que não podem fazer. Haja criatividade no job description das babás, hein?

Só com esses cinco itens, a gente poderia criar pelo menos uns trinta tipos de mães diferentes. Não é só o endereço que muda, não, gente.

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