Pra falar a verdade, eu já não tinha um carro próprio faz tempo. O carro que eu usava, aquele que estava batido aguardando o conserto, era da empresa. Benefício do cargo, essas coisas do mundo corporativo. Mas mudei de emprego, devolvi o carro e precisei pensar se queria ter um carro ou próprio ou não.
Como boa engenheira (de sangue – mãe e pais são engenheiros – e de formação), pus tudo no papel:
Vida com carro (gastos anuais):
R$ 4.000 de depreciação (considerando um carro de R$ 40.000, que deprecia 10% ao ano)
R$ 2.000 de seguro
R$ 1.700 de IPVA (4% do valor do carro + taxas)
R$ 3.600 de combustível (uns R$ 300 por mês)
R$ 2.600 de estacionamento (dois estacionamentos semanais de R$ 25 cada um)
R$ 1.500 de manutenção (considera revisões, lavagens e consertos)
Total –> R$ 15.400 por ano
Vida sem carro (gastos anuais):
R$ 3.400 de transporte público (considerando que eu pegue ônibus e metrô para ir e voltar de algum lugar nos 365 dias no ano – mas atualmente só uso o metrô para trabalhar)
R$ 3.600 de perua escolar (se você não tem filhos, uhuu, tem mais uma economia)
R$ 5.200 de taxi (considerei dois taxis semanais, R$ 50 cada corrida – lembrando que, mesmo com carro, a gente deveria sair de taxi quando vamos consumir bebidas alcoólicas, que é o que eu já fazia faz tempo)
Total –> R$ 12.200 por ano
Fora o valor do carro, né? Se eu tiver R$ 40.000 e deixar esse dinheiro aplicado a 0,06% ao mês, isso vai me render R$ 3.000 por ano, o que diminui minha vida sem carro para R$ 9.200 anuais. Se eu não tiver R$ 40.000 e precisar financiar um carro, devo somar parcelas mensais na conta da vida com carro e o valor vai pelo menos dobrar. Quanto mais caro o carro, maior essa diferença toda, óbvio.
Como boa consultora, vou incluir uma análise qualitativa:
- Fazer caminhadas dirárias é saudável
- Ler no metrô é muito legal, bem melhor que ficar com as mãos no volante e os olhos no carro da frente
- Risco de assaltos é muito parecido. Mas prefiro ter alguém furtando algo de dentro da bolsa no metrô lotado que uma arma na minha cabeça em um cruzamento, quando estou com aquela cara de “claro que tenho um smartphone e um notebook aqui nesse carro”
- Não corro o risco de bater no carro de ninguém, nem de encostar em um motoqueiro mucholoco
- Não vou tomar multas de trânsito
- Calor deve ser bem chato dentro do metrô. Chuvas fortes no final da tarde incomodam qualquer um, então dá na mesma
Por que a gente tem carro, hein, gente?