Arquivo da categoria: Fofuras

Compreensivos

Hoje eu disse assim:

– Olha mamãe tá toda enrolada meu projeto não acabou não comprei presente pra ninguém marquei cinqüenta jantares essa semana não sei quando vou ter tempo de ir ao shopping e ainda por cima vocês estão de férias e não tenho com quem deixar então queria combinar que vou comprar o patinete que prometi de Natal só em janeiro quando vocês voltarem do Réveillon com papai, tudo bem?

– Tudo bem, mamãe.

Meus filhos são muito legais. Eu não sou, eu sei. Ainda bem que tenho os dois pra me ensinar a ser legal.

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Fofuras do cotidiano 

Sair a pé para levar os filhos na escola junto com o cachorro e o cachorro espernear/ chorar/ se recusar a andar quando percebe que eu pretendo voltar pra casa sem os dois. ❤

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Heroína

Final de sexta-feira santa com chuva, preguiça e silêncio na casa: cachorro dormia, crianças assistiam TV e mamãe fatiava berinjelas para uma lasagna. Até que – malditos orgânicos, que se eu consumisse agrotóxicos talvez estivesse livre dessas coisas – um bichinho de berinjela pula na tábua onde eu estava cortando os legumes.

Tenho um problema sério com seres rastejantes que se locomovem sem pernas. Minhocas, taturanas, lesmas, lagartas, caramujos, cobras, todos eles me fazem gritar como louca, como se eu tivesse visto um monstro, e não consigo parar até alguém me chacoalhar e mandar parar. Isaac já sabia disso. Uma vez estávamos andando numa calçada e demos de frente com uma taturana verde listrada horrorosa e eu gritei, gritei, gritei e só consegui parar quando atravessamos a rua, porque não fui capaz de passar ao lado da taturana. Na volta, ele me segurou com as duas mãos, pediu para eu ficar calma e não gritar, mas não consegui. Gritei e tive que atravessar a rua de novo.

Quando eu comecei a gritar na cozinha na frente do bicho de berinjela, eles vieram os três correndo – crianças e cachorro – e começaram a gritar junto comigo. No meio da gritaria, começo um diálogo com a Ruth, aos berros:

– É UMA TATURANA?

– NÃO!

– ELA QUEIMA?

– NÃO!

– ELA MORDE?

– NÃO!

– ELA VAI MACHUCAR ALGUÉM?

– NÃO!

– ENTÃO POR QUE VOCÊ TÁ GRITANDO?

– NÃO SEI!

Ruth, não sei viver sem você. Não sei viver sem você pegando um guardanapo e colocando o pobre bichinho de 1 (UM) centímetro no lixo e olhando pra mim pensando se devia mesmo se sentir segura com uma mãe dessas. Obrigada, Ruth.

 

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Conversinhas com Isaac

Em casa:

– Mamãe, o que vamos jantar hoje?

– Arroz e feijão.

Ele atravessou a sala e veio na minha direção para um abraço:

– Obrigado, mamãe. Você é a melhor mãe do mundo porque você faz feijão.

E voltando para onde estava: – Posso colocar bastante farinha de mandioca?

Por isso que nunca comprei um videogame. Porque feijão com farinha de mandioca me fazem a melhor mãe do mundo.

No taxi:

– Tá, já entendi que tenho que obedecer o vovô e a vovó, tomar cuidado na piscina, dormir bonitinho, mamãe.

– Que bom.

– Se eu me comportar direitinho, quando eu chegar em casa você me dá um ABACATE?

Vocês tinham que ver a cara do taxista quando soube que meu filho iria ganhar abacate como prêmio por bom comportamento.

Quem é esse?

Odeio futebol. Nem Copa. Nem jogo do Brasil. Não gosto.

E esses dias ouvi Isaac dizendo alguma coisa pra Ruth e entendi que ele estava falando sobre o Neymar. Bateu aquela decepção de ter filho fã de jogador de futebol, confesso.

– Isaac, você sabe quem é Neymar?

– Sei!

– Ah… – cara de decepção.

– Um peixe! PROCURANDO NEYMAR. – aquele sorriso imenso no rosto de quem acertou a resposta.

Iééééééé. Esse é meu filho!

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Fica na sua, mãe

– Mamãe, você tem muito dinheiro ou pouco dinheiro?

Cada pergunta, viu?

– Por quê, Ruth? O que você quer saber? – eu achei que ela ia pedir um presente ou algo assim, mas ela também não soube explicar.

– Eu quero saber se você tem muito dinheiro ou pouco dinheiro.

Ela tem quatro anos e qualquer resposta ia me encrencar. Aí eu resolvi dizer que:

– Ruth, dinheiro é um assunto particular dos adultos e você é muito pequena, então não vou falar sobre dinheiro com você, tudo bem?

– Tudo bem. Boneca é assunto particular de criança e eu nunca mais vou falar sobre minhas bonecas com você, tudo bem?

Eu sei, eu tô f$#*$&#*&$#* quando essa doida chegar na adolescência.

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Sincero

– Mamãe, guarda esse creme que eu sempre mexo sem querer escondido de você.

Tudo bem que eu tenho um potinho de anti-rugas para região dos olhos apenas para enfeitar o criado-mudo, porque nunca uso. Hoje ele veio me avisar que estava quase acabando, mesmo sem eu nunca usar. E veio me avisar que “sem querer” os cabelos das bonecas estão super hidratados e cheirosos.

E eu dizendo por aí que acho o máximo quando criança faz quatro anos, porque pára de mexer onde não deve. Bobinha.

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As delicadezas da minha menina

História 1: a moça na cadeira de rodas

A gente estava na sala de espera e tinha uma moça em uma cadeira de rodas. Ruth começou a me fazer perguntas do tipo: “ela não anda?” e “por que ela tem cadeira de rodas?”. Eu achei natural que ela ficasse curiosa, e achei que seria natural falar sobre isso também. Mas não queria ficar falando sobre a moça, porque a gente está aprendendo a não ficar falando dos outros. E eu também não sabia explicar por quê a moça estava na cadeira de rodas.

– Ruth, por que não vai lá conversar com ela?

– Porque eu não a conheço, não posso. – ah, sim, também estamos aprendendo a não falar com estranhos, porque meus filhos exageram na socialização por aí.

– Eu a conheço, ela é psicóloga aqui. Pode ir lá.

E lá foi ela. Fiquei pensando se ela ia chegar bombardeando a moça de perguntas, mas não falei nada, deixei ela ir. Que nada. Até fiquei emocionada com ela, que chegou, mostrou as fotos da nossa família que ela estava olhando comigo, disse o nome dela, falou sobre o irmão, falou sobre outras coisas e só depois começou a perguntar sobre a cadeira de rodas. Ela mesma sentiu que precisava se apresentar e ter um assunto para quebrar o gelo antes de invadir a moça com perguntas. E depois conversaram sobre a cadeira de rodas com a maior naturalidade do mundo e, quando ela voltou, não me contou nada, falou sobre outro assunto.

História 2: Isaac aos prantos

Ele escolheu um bichinho de pelúcia para dormir e sujou o bichinho minutos antes de ir para a cama. Ele chorava, chorava, chorava, e eu não conseguia falar com ele. Eu estava tentando explicar que não dava para lavar o bichinho a tempo de ir dormir e ele chorava e me pedia desculpas, achando que eu não ia devolver o bichinho como um castigo. Eu tentava explicar que não estava brava, que não tinha problema ter sujado, só que lavar um bichinho de pelúcia não era um processo rápido assim, e ele chorava mais ainda que queria o bichinho. Cada vez que eu tentava explicar alguma coisa, ele chorava mais e mais e mais. A gente estava num looping infinito. Aí aparece a Ruth, com um bichinho dela nos braços como se fosse o bebê. Entregou o bichinho para ele, deu um abraço, deu um beijo nele e saiu. Não disse uma palavra. E ele parou de chorar, deitou e dormiu. Fim.

Ruth, a vida é bem melhor com você. Ainda bem que tenho você.

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Como negociar com criança

Ruth vendo a movimentação do tio e do Isaac para ir ao supermercado:

– Mamãe, eu quero ir junto.

– Não dá, Ruth. O tio não vai conseguir fazer supermercado com duas crianças.

– Vem junto, mamãe.

– Não, não vou sair de casa agora, Ruth – eu tinha acordado, prendido o cabelo pra trás, colocado qualquer roupa e não tinha feito maquiagem. Sem chances. – Você vai na próxima vez, ok?

– Mas eu queeeeeeroooooooooo agora. Buááááááá.

– Fica aqui comigo, Ruth. Me ajuda a lavar a louça.

– Obaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!

Ah, se eu soubesse que era tão fácil. Nunca vi alguém gostar tanto de lavar louça. ❤

Sai fora, adolescência!

Até outro dia, eu tinha que ficar conversando sobre mordidas nos amiguinhos da escola. Eles mordiam e eram mordidos e aí rolavam aquelas conversas com a escola, com eles, com as mães. Sabem como é. Ainda bem que passou.

Aí hoje me vi conversando com uma outra mamãe sobre “vamos orientar nossos filhos a não dar beijo na boca. só no rosto. tá muito cedo ainda”.

Mano, mas pula assim de mordidas aos beijos na boca em menos de um ano? Que coisa é essa? Não tinha nenhuma etapa intermediária?

Não, não foi o Isaac. A Ruth também tem um namorado. E a Ruth sempre me arruma uma encrenca maior. Isaac vai de mãos dadas na perua, Ruth dá um beijo no namorado na porta da escola.

Quem estiver disponível, passa aqui em casa para me dar um abraço.

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