Aqui não tá tendo copa

Eu juro que não me tornei uma pessoa amargurada nesse mês só porque odeio futebol. Tô indo bem até. Não vi nenhum jogo, mas sei que está tudo bem com o Brasil, sei que Itália, Espanha e Japão já foram eliminados. Não tô torcendo contra, juro. Coloquei até camisa do Brasil nos dois bebês nos dias de jogo, para irem para escola em clima de copa. Tô mó legal.

Na última segunda, teve jogo no meio do dia. Isso eu não gosto. Nada que faça com que a escola feche mais cedo, especialmente antes do jantar, me fazendo cozinhar em plena segunda-feira, pode ser legal. Mas não tive escolha, tive que fazer o jantar. Então a cidade estava em festa, muitos fogos de artifício, gritos e buzinas por aí, e nós três estávamos comendo tranquilamente na cozinha às seis da tarde (jantei junto, não resisti). Durante um dos gols, minha filha me falou:

– Mamãe, você não gosta de barulho, né?

“Não gostar de barulho” é usado aqui em casa em vários contextos: quando eles gritam, quando eles jogam coisas no chão, quando eles pulam ou pisam forte no chão (principalmente quando estão de sapatos), quando batem nas coisas (especialmente usando objetos), quando fazem muito escândalo. Eu vivo dizendo que não gosto de barulho.

– Não, não gosto de barulho, filha.

– Tá, mas, por favor, não chora. Não precisa chorar. Já já o barulho vai acabar, tá? Espera um pouquinho que já passa, tá?

Adoro esses surtos de maturidade que crianças de três anos às vezes têm.

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