As duas vezes em que me senti a pior mãe do mundo

História 1

Era uma sexta-feira e dia de ficar com o pai, que buscaria direto na escola. Mas próximo ao horário de a escola fechar, o pai me liga:

– Atrasei, tô num super trânsito, se você estiver por perto, dá para pegar as crianças na escola que vai fechar e eu passo na sua casa e pego daqui uns minutos?

– Dá. – eu estava em casa, perto da escola, e fui.

Quando me viu, Isaac estranhou, perguntou pelo pai, eu expliquei a história acima.

– Vamos para casa esperar o papai que já já ele chega para pegar vocês.

– Não quero ir para casa do meu pai. Quero ficar esta noite com você, mãe.

– Ah, Isaac, hoje não vai dar. Já estava combinado que era dia de ficar com papai e a mamãe vai num show.

– Eu vou junto.

– Não, não vai dar para você ir junto. É um show que não aceita crianças e eu também não comprei ingresso para você, só para mim.

Aí ele começa a chorar sentido, com lágrimas caindo loucamente molhando toda a camiseta, e a gritar bem alto NO MEIO DA RUA:

– VOCÊ NÃO ME AMA MAIS! VOCÊ NÃO DEIXA MAIS EU MORAR NA NOSSA CASA! VOCÊ SÓ PENSA EM IR PRA BALADA E ME DEIXAR POR AÍ! VOCÊ NÃO ME AMA MAIS!

Isaac, sorry, mamãe te ama, mas Alceu, Geraldo e Elba estavam me esperando.

História 2:

Já estávamos quase chegando na escola, eu, eles e o cachorro, puxado pelo Isaac. Aí eles pediram para dar uma corrida de uns 30 metros até o portão da escola e eu fiquei pra trás. Só que Isaac soltou a coleira do cachorro, aquele mesmo cachorro que me acompanha em corridas matinais de 7-8k, e que quando viu a liberdade partiu em disparada sem pensar no amanhã.

Eu gritei: CORRAM ATRÁS DO ERNESTO QUE ELE TÁ FUGINDO!!

Nenhum dos dois se mexeu. Não sei o que deu neles que ficaram olhando o cachorro fugir completamente travados. Aí eu que tive que correr. Larguei tudo o que eu estava carregando no chão e saí a uns 15 km/h em direção ao cachorro, que seguia galopando alegremente. Quando passei pelos dois, a Ruth grita bem alto para toda a vizinhança ouvir, chorando:

– NÃO, MAMÃE, VOLTA AQUI, NÃO FOGE DA GENTE, NÃO LARGA A GENTE, EU TE AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

Mano. Me esforço o ano inteiro para ser legal, e os dois resolvem gritar no meio da rua que eu abandono e que só penso em balada? Assim não vai rolar.

 

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Um pensamento sobre “As duas vezes em que me senti a pior mãe do mundo

  1. Fernanda disse:

    Kkkkkkk

    Eles são fofos demais!!!

    Bjos pra vcs 3!

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