A confiança que depositam na gente

Meu melhor amigo compartilha comigo uma imensa falta de habilidade para conduzir a vida. Quando digo vida, digo num sentido bem amplo: a vida amorosa, a vida financeira, a vida profissional, a vida doméstica, tudo é difícil de conduzir direito. E aí a gente estava papeando sobre isso, e no meio da conversa eu mencionei o aniversário de 97 anos da minha avó na semana que vem, e ele disse assim:

– Pqp, Ruri, a velhinha tá aqui fazendo hora extra e não consegue morrer em paz porque você não resolve sua vida nunca.

Pois é. E olha que obatian tá preocupada com minha vida amorosa, mas a vida amorosa tá ótima perto da minha conta bancária. Ainda bem que ela não sabe.

Aí tem a minha mãe, filha desta minha vó. Minha mãe também fica de cabelo em pé com a minha vida, mas a preocupação dela não é a falta de marido. Pelo contrário, na cabeça dela rola um “ainda bem que essa doida tem dois filhos que impedem um outro casamento rápido porque eu tenho certeza que ela vai fazer caca de novo”. Para minha mãe, falta um emprego fixo, uma previdência privada, um imóvel, uma estabilidade financeira, uns bens, umas rendas para garantir o sustento das crianças, um monte de coisa que não tenho.

Aí a gente almoçou, eu estava ouvindo um sermão sobre como conduzir melhor esta vida de deus-me-livre e eu contei a história acima para ela, sobre a obatian estar fazendo hora extra por minha causa. E minha mãe me respondeu o seguinte:

– Eu não. Eu faço questão de morrer na hora em que eu tiver que morrer. O que eu não quero é viver muito e ficar assistindo o desenrolar da sua vida, EU NÃO MEREÇO.

Nada como o amor de nossos pais pra gente seguir firme e forte na vida. Também te amo, mãe. ❤

 

 

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