No dia 17 de abril fizemos a primeira entrevista com a psicóloga que cuidará de nosso processo. Sim, primeira, porque soubemos nesse dia que teríamos mais duas entrevistas com ela até recebermos seu parecer final.
Neste primeiro dia, tivemos uma longa conversa com ela juntos, onde falamos sobre o porquê de querer adotar, conversamos sobre o perfil em relação a doenças e histórico da criança, como lidar com o passado, como estávamos nos preparando para a espera e para a maternidade e paternidade. Foi uma conversa muito boa. Ela nos indicou alguns livros, já que estávamos bastante envolvidos e curiosos com o tema. Ao contrário do que tinha ouvido, nenhuma pergunta foi muito difícil ou delicada. Foram perguntas sobre a nossa vida e os nossos sonhos. Logo depois, ela nos pediu para escolhermos o primeiro a passar pela entrevista individual. A segunda entrevista individual seria em um outro dia e, por fim, marcaríamos o terceiro encontro para a entrevista final, dessa vez juntos.
Meu marido foi entrevistado naquele dia, enquanto eu esperava na sala de espera. A psicóloga pediu para ele contar sobre a vida dele: como é a família, a infância, a história de todos, relação com pais, as dificuldades, as boas lembranças. Falaram também sobre a nossa relação, como ele se sentia com nosso casamento.
No dia 27 de abril foi a minha vez. No intervalo de 10 dias, eu comprei e li um dos livros que a ela nos recomendou (e como eu leio em voz alta, comentando tudo, considero que meu marido leu também) e começamos nossa conversa sobre o livro. O livro é “Conversando com crianças sobre adoção” da Lilian de Almeida Guimarães e é uma adaptação da tese de mestrado feita com base em entrevistas com três crianças que passaram por adoção tardia. Falamos sobre a questão do espaço da criança adotiva na família, sobre o quanto as crianças sentem a angústia dos pais adotivos e quão mal pode fazer o sentimento de não pertencer totalmente à nova família. Depois conversamos sobre a minha vida, como na entrevista individual do meu marido. Estou bem longe de entender como é feita uma avaliação psicológica, mas acho que os objetivos das entrevistas são entender nossas motivações – se não estamos equivocados com a ideia de adotar, o espaço da criança nesta família e nossa “estrutura” emocional e o quanto estamos preparados para lidar com as possíveis dificuldades que fazem parte do processo.
No dia 9 de maio voltamos ao fórum para a entrevista final. Nesta entrevista, confirmamos o perfil da criança, recapitulamos um pouco nossas conversas e a psicóloga nos disse que nos dará um parecer favorável. Iupiii! A partir desse ponto, os próximos passos serão o parecer da Promotoria e sentença final que será dada pela juíza. Ela nos disse que acha que até o final de junho estaremos habilitados!