Algumas pessoas nos perguntam se nossos bebês são gêmeos mesmo. Hoje uma delas foi ainda mais específica: “era mesmo pai e mesma mãe?”. Sim, eles são gêmeos mesmo, da mesma gestação, nascidos no mesmo dia. Porque se não fosse assim, não os chamaríamos de gêmeos, certo? Algumas vezes, a pergunta que vem a seguir é: “vocês tiveram a opção de escolher só um deles?”. E essa opção não existe, não só porque eles são gêmeos, mas porque são irmãos e havia vínculo afetivo entre eles.
Na adoção, a separação de irmãos só é permitida em último caso, quando todas as tentativas de encontrar uma única família adotiva para eles tiverem sido esgotadas. Geralmente isso ocorre com grupos de irmãos muito grandes (quatro, cinco, seis…) ou com crianças mais velhas, pois é mais difícil encontrar pretendentes para esses perfis. Como essas situações são muito delicadas, a forma como as crianças são separadas é feita de acordo com a afinidade que elas têm entre elas, e não como desejam os pretendentes. E as famílias adotivas precisam assumir o compromisso de manter o vínculo entre irmãos, através de telefonemas e visitas, porque, se já é difícil lidar com a dor da perda da família de origem, romper o vínculo já construído com os irmãos seria uma segunda agressão para as crianças.
Antes de adotar, nós achávamos que a adoção de mais de uma criança seria complicado por ser mais difícil fazer aproximação e criar vínculos com crianças que sentem e reagem de forma diferente. Tínhamos medo de gostar menos de um do que do outro, por exemplo. Isso era uma grande bobagem! Cada um de nossos filhos tem a sua personalidade, seus gostos, suas manias e seu jeito de sentir e gostamos dos dois da mesma maneira. Cada vez que pensamos em como seria nossa vida com apenas um deles, percebemos que sem o outro não teria tanta graça!