Definir o perfil do filho que estamos esperando foi uma das etapas mais difíceis até agora. Primeiro porque é uma decisão que precisa ser tomada em conjunto e cada um de nós tem suas vontades e seus limites. E, em segundo lugar, nós não imaginávamos que teríamos que pensar sobre determinados assuntos e critérios que são detalhados no cadastro do fórum.
Os itens que formam o perfil variam de fórum para fórum. No nosso fórum, junto com a assistente social definimos a primeira parte do perfil: sexo, cor (branca, preta, parda, amarela, indígena ou indiferente), faixa etária e se aceitávamos irmãos (gêmeos ou não). No caso de irmãos que não sejam gêmeos, é preciso definir o perfil do(s) irmão(s) também.
Queremos uma criança ou gêmeos. Nós não temos preferência por menino ou menina – seremos felizes sendo papais de meninos, meninas ou casal. Também achamos que não faz o menor sentido restringir cor de pele. Foi um pouco mais difícil definir a faixa etária. A princípio, sabíamos que queríamos uma criança pequena, mas não fazíamos questão de bebezinho. Mas é preciso definir o limite inferior e superior da faixa etária com anos e meses. Se o adotante define limite superior 2 anos e zero meses, ele não será consultado para crianças com 2 anos e 2 meses, por exemplo. E é muito difícil dizer que queremos uma criança com determinada idade e não uma criança apenas alguns meses mais velha. Fomos e voltamos nessa discussão até definirmos que nosso filho chegará com idade entre zero meses e 3 anos e zero meses.
Além disso, junto com a psicóloga tivemos que responder se aceitávamos:
– Problemas físicos não tratáveis
– Problemas físicos tratáveis graves
– Problemas físicos tratáveis leves
– Problemas mentais não tratáveis
– Problemas mentais tratáveis graves
– Problemas mentais tratáveis leves
– Problemas psicológicos graves
– Problemas psicológicos leves
– Pais soropositivos para o HIV
– Pais alcoolistas
– Pais drogaditos
– Sorologia negativada para o HIV
– Soropositivo para o HIV
– Proveniente de estupro
– Proveniente de incesto
– Vítima de atentado violento ao pudor
– Vítima de estupro
– Vitimizada (maus tratos)
Nós recebemos uma cópia da ficha no dia em que entregamos a documentação e achamos difícil de entender o que todos esses itens significavam. Não há uma lista exaustiva que nos indicasse quais doenças são classificadas como graves ou leves, por exemplo. Então, aproveitamos o tempo que tivemos até as entrevistas para pesquisar: procuramos sites e fóruns de discussão sobre adoção na internet e conversamos muito com as pessoas dos grupos de apoio.
Uma das coisas que aprendemos é o que significa “sorologia negativada para o HIV”. Crianças geradas por mães soropositivas nascem com os anticorpos da mãe e a sorologia para o HIV dessas crianças será positiva por cerca de 18 meses. Após esse período, a criança não terá mais anticorpos da mãe e, se não tiver sido contaminada, os exames passarão a ser negativos. Ou seja, “sorologia negativada para o HIV” significa que a criança tem mãe soropositiva mas nunca foi contaminada.
Eu e meu marido decidimos que não faria sentido fazer restrições aos pais biológicos do nosso filho e dissemos “sim” para todos os itens relativos a eles ou sobre a forma como a gestação aconteceu. E para os demais, foram horas e horas de conversas e achamos que o melhor é sermos honestos com nossos limites. No cadastro final, dissemos “não” para 6 dos 18 itens.
Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça feito em maio de 2012, 91% dos pretendentes aceitam adotar crianças brancas, 62% aceitam crianças pardas e apenas 35% aceitam negras. 33% deles querem apenas meninas – há uma falsa impressão que meninas são mais boazinhas e se adaptarão mais facilmente. E, como nós, a maioria quer adotar apenas uma criança (82%) com até 3 anos de idade (76%).
[…] em sua lista o primeiro pretendente que aceite as características da criança, de acordo com o perfil definido durante o processo de habilitação. Se não houver pretendentes para a criança no […]
[…] época que estávamos conversando sobre o perfil do nosso filho, pesquisamos muito sobre o que seriam doenças não tratáveis, doenças tratáveis […]