O nome do post é “Revelação” seguido de ponto de interrogação porque nós não acreditamos que exista um momento de “revelação” na adoção.
Revelação nos dá a ideia de contar alguma coisa que antes era desconhecida ou secreta. E adoção nunca será secreta na nossa família por vários motivos, e vou destacar dois deles. Primeiro, nós temos um número bastante grande de familiares, amigos, colegas de trabalho, vizinhos e conhecidos. Nenhuma dessas pessoas vai me ver grávida e, portanto, saberão mais cedo ou mais tarde que nosso filho chegou em nossa família através da adoção. Se não vamos esconder a adoção dessas pessoas todas, porque esconderíamos da pessoa mais importante das nossas vidas – nosso filho? Em segundo lugar, porque nós queremos ensinar nossos filhos a não mentirem. E não faria sentido começarmos a educação deles mentindo sobre a própria história deles. Então, se nunca será secreto, nunca haverá a revelação.
Por outro lado, nós também acreditamos que a criança não deve receber mais informações do que ela é capaz de entender. Isso significa que não pretendemos sentar com uma criança pequena e contar toda a história da família biológica e como foi decidido que os genitores não poderiam mais cuidar dela. Acreditamos, sim, em uma fórmula simples: não esconder, não mentir e responder exatamente aquilo que a criança nos perguntar. E sempre que sentirmos que ela está madura, preparada e curiosa por mais informações, contar um pouquinho mais sobre a história. Queremos também que ela não tenha raiva ou mágoa da família biológica. Ainda não sabemos a fórmula para esse ponto, mas a primeira ideia é nunca falar mal deles ou criticá-los.
Ao completar 18 anos, o filho adotivo tem o direito de conhecer toda sua história. Ele pode ir ao fórum e ter acesso irrestrito ao processo de destituição do poder familiar pelo qual passou antes da adoção. Não significa que ele não possa conhecer a história em detalhes antes dos 18 anos; ouvi algumas famílias que fizeram uma cópia de todo o processo para poder mostrar aos filhos adotivos quando acharem que estão preparados para isso. E nós concordamos com essas famílias: ainda não sabemos se vamos querer ter cópia desse processo em casa, mas com certeza conheceremos esse processo antes da adoção e vamos dividir com ele todas as informações que tivermos. Nós apoiaremos o direito de ir ao fórum e ler o processo. Mas também preferimos que ele saiba por nós. Principalmente porque, se ele ficar triste com a história, vamos estar ao lado dele.