Primeiro vieram as palavras com duas sílabas (mamãe, papai, bola, leite). Depois, palavras compridas e complicadas ganharam vez (cachorro, escola, elefante, borboleta). E, por fim, uma palavra começou a vir junto com outra, e mamãe e papai vibraram com as frases que eles começaram a falar (mamãe chegou, boneca caiu, quero leite)!
Eles ainda não contam coisas que aconteceram no passado, como o que fizeram na escolinha durante o dia. Não vejo a hora de começar a ouvir as histórias sobre o que aprenderam no dia ou do que brincaram. Por enquanto eles só expressam desejos (mamãe, quero água) ou descrevem situações (papai, brinquedo caiu no chão). É muita fofura!
Descrever situações significa, na maioria das vezes, narrar o que o irmão está fazendo. Então, se não estou olhando para os dois, começo a ouvir um monte de:
– Mamãe, a Ruth tá cuspindo!
– Mamãe, o Isaac pegou o celular!
– Mamãe, a Ruth mexeu na planta!
O problema é que essas coisas fazem o irmão tomar uma bronca. E fazer o irmão tomar bronca diverte demais o narrador. Mas não dá pra virar, ver sua filha propositalmente toda babada e não ir lá explicar pela milésima vez que não pode cuspir na roupa. Só que quanto mais eles percebem que narrar o que o irmão está aprontando é divertido, mais fazem isso. Estou incentivando dois bebês dedos-duros, gente!
Não se preocupe.
Eles estão experimentando com game theory, só que na prática. O dilema do prisioneiro. E estão no equilíbrio esperado, que é os dois dedurarem e portanto os dois se ferrarem.
Mas não se preocupe. Que a teoria prevê que quando os dois prisioneiros aprendem o poder e o valor de jogar cooperativamente, eles mudam o equilíbrio: os dois aprontam, ninguém dedura. A cooperação depende fundamentalmente deles poderem se comunicar — o que pela idade deles, deve começar a funcionar bem em alguns poucos meses (?).
E aí seus filhos não vão ser mais dedo-duros.
E quem vai estar ferrada é você! 😀
Beijos!