Eu sou contra dar palmadas em crianças para educá-las. Apanhei quando era criança, tanto da minha mãe quanto do meu pai. Não tenho traumas, não tenho raiva disso, também não sei dizer o quanto isso foi bom ou ruim. Ser contra palmadas não tem nada a ver com a forma como fui educada. (mãe, pai, amo vocês, tá?)
Sou contra palmadas simplesmente porque acho que violência não educa ninguém. Violência é medo, opressão. Violência não gera compreensão, assimilação do certo ou errado, nem argumentação, nem nada. Chicotear escravos era legal? Polícia que espanca manifestantes é legal? Pessoas que lincham bandidos (ou pessoas que foram confundidas com bandidos) é legal? Bater na esposa/ namorada/ companheira é legal? Então por que é ok bater nos filhos?
Só é ok porque as pessoas entendem que os filhos são delas e elas podem fazer o que quiser com eles. Mas não vou discutir isso. Vou discutir duas coisas que me incomodam nas palmadas.
Coisa 1:
Com que moral uma mamãe ou um papai que bate em seu filho explica para ele que não pode bater nos amiguinhos/ professora/ irmão/ vizinho ou sei lá mais quem? Como faz para explicar que não pode resolver as coisas no tapa se o próprio pai ou a própria mãe não dá o exemplo?
Coisa 2: (a coisa que mais me incomoda)
Filhos são seres capazes de nos tirar do sério como ninguém. Eu sou mãe e sei bem o nervoso que dá uma criança que insiste em não obedecer. É irritante. Aí no meio desses ataques de raiva que dominam nossos corações, vem aquela vontade de dar um tapão na criança para ver se ela entende o quanto a gente está nervosa com a situação. Aí que mora o perigo: as pessoas batem porque querem aliviar a raiva, e não porque estão querendo educar.
Eu converso muito e penso muito sobre o comportamento dos meus filhos, porque quero encontrar a melhor forma de educar. Penso em quando é melhor ignorar, quando é melhor tirar alguma coisa que eles gostam, quando é melhor colocar no quarto de castigo, qual o melhor momento para ter uma conversa. Nunca passei por uma situação onde pensei: “ah, acho que agora é melhor bater neles porque assim vão aprender que isto é errado”. Duvido que alguém pense e planeje o melhor momento para uma palmada, gente. Palmadas acontecem sem planejamento, no meio da fúria. E no meio da fúria, as pessoas podem bater mais forte do que queriam e mais vezes do que queriam. Dói. Machuca. Ofende. E não educa. E outra coisa: queremos filhos que nos respeitam ou filhos que têm medo da gente?
Crianças precisam ter limites e precisamos ser firmes. Dá um trabalho do cão. Mas somos os adultos, as pessoas mais maduras da relação e precisamos ser equilibrados, coerentes, justos e humanos. Vamos pensar um pouquinho mais antes da palmada? Tem outras alternativas, te juro.