Os parisienses gostam demais de suas crianças e também ajudam bastante os turistas que viajam com crianças: tem um parquinho fofo, limpo e bem sinalizado em toda quadra e ao lado de todo monumento histórico.
Parquinhos duas ou três vezes ao dia ajudaram meus filhos a descansar de longas caminhadas e de visitas cheias de regras (não pode mexer, não pode gritar, tem que dar mão). Também dava um descanso para nós dois, os adultos, pois podíamos sentar na sombra e conversar sem os “por quê? por quê? por quê?” de crianças de quatro anos.
Além da limpeza e quantidade, uma coisa me chamou atenção nos parquinhos de Paris: nenhum deles tem balanço. Em São Paulo, todo parquinho que conheço – incluindo meu próprio prédio – tem balanço. E eu detesto balanço.
Não só porque é perigoso, com criança voando e caindo de cara no chão e criança passando perto de outra criança balançando e perdendo a cabeça. Detesto balanço porque eles demandam adultos na brincadeira. Sabem? “Manhê, vem aqui me balançar?”. Aí você tem que levantar e ficar em pé no sol olhando aquele vai-e-vem entediante. Ou você sugere que outra criança balance, e aí sai briga na certa, além de ser perigoso. Inferno de balanços. Citei balanços, mas em São Paulo tem também as gangorras, outra coisa que detesto. Aquela coisa que prende o pé de um na hora que abaixa, que pode quebrar os dentes do outro na hora que levanta rápido, e é sempre difícil de entrar e sair para brincar sem ajuda de um adulto.
Aqui não tem balanços. Claro que eles sempre podem cair de algum lugar em que subiram, faz parte. Mas sempre podem brincar sozinhos. Autônomos. Sem adultos por perto. Não precisam ficar chamando a mãe o tempo todo e nem preciso ficar preocupada se alguma coisa vai acertar a cabeça deles. Adultos podem ou não participar da brincadeira, mas não tem nada nos parquinhos que as crianças não consigam fazer sozinhas (desde que sigam as recomendações de idade que estão em todos os brinquedos). Nada é perigoso, tudo é pensado e adaptado para crianças e até o chão é emborrachado para amortecer as quedas. Em todos os parquinhos.
Uma vez levei os dois para passear no Horto Florestal em SP e fiquei mega frustrada com o parquinho porque eles não conseguiam subir em nada sem minha ajuda. Haddad, a gente precisa de mais parquinhos e de mais autonomia, ok?
E só para fechar: ninguém vem de branco no parquinho. Não sei se os adultos que estão aqui acompanhando crianças são parentes ou babás, porque ninguém está discriminado. Porque, né, não preciso saber se a moça que está olhando a menininha com quem a Ruth está brincando é a mãe dela ou babá dela. Alguém que vive na mesma cidade que eu já foi em um parquinho no meio da semana para ver a quantidade de moças de branco que estão por lá? Ou num clube? Ai, São Paulo, você e suas bizarrices.
[…] amei Paris e passei a amar ainda mais agora que descobri que há um parquinho fofo, limpo e organizado em cada esquina. Assim, conseguimos balancear bem o “turistar” e o […]
Achei interessante essa observação, a influência da segurança nesse “detalhe” Parisiense faz todo sentido. Mas sinceramente não acho que sejam brinquedos perigosos, só – como você bem ressaltou – demandam um adulto por perto. No fim das contas é bom pra gente não deixar o corpo esfriar e empurrar bem alto (no caso do balanço) ou deixar de castigo (gangorra). 😛