Isaac no elevador bombardeando uma vizinha com 80 perguntas:
– Qual seu nome? Quantos anos você tem? Onde você mora? Onde você foi? Pra onde você vai? O que você vai comer? Você mora com seu marido?
Ela foi respondendo tudo pacientemente, mas ficou um pouco constrangida com essa última pergunta. Acho que não sabia como contar para uma criança de quatro anos. E seguiu pelo “meu marido agora mora com o papai do céu”. E Isaac seguiu, na lata:
– Ah, ele morreu. – e continuou a conversa com outras perguntas.
Ser ateia não significa para mim ser antiteísta. Não tenho nada contra acreditar em Deus ou ter religião e não odeio a figura de Deus. Só acho que Deus é como Papai Noel: inventado. E se Deus não existe, eu simplesmente não fico falando sobre Deus com meus filhos. Quando, por algum motivo, estamos falando sobre a morte, eu falo sobre morte. Ninguém vira estrela, vai morar no céu, vira anjinho ou coisa do tipo. Só morre. Morrer é triste, é definitivo, mas ninguém fica nos esperando do lado de lá.
Aí eu acho fofinho quando vejo que eles estão começando a entender as coisas usando o jeito com que tratamos os assuntos em casa.