Vou começar o texto contando algumas babaquices que já fiz na minha vida com relação às minhas férias. Sim, férias, aqueles dias lindos em que podemos viajar, dormir até mais tarde, fazer sexo logo depois do almoço, curtir os filhos o dia inteiro, sabem? Então:
- Eu já vendi 10 dias de férias várias vezes. Sei lá por que cargas d’águas algum dia eu entendi que algum dinheiro (no caso um terço do meu salário) valeria dez dias de descanso. Nos meus últimos meses trabalhando como CLT, eu não teria vendido dez dias de férias nem por cinco salários. Na verdade, uma vez eu até cheguei a perguntar pro RH se a lei permitia de alguma forma comprar mais férias sem ser demitida ou acusada de abandono de emprego. Gêzuiz, que ideia mané essa de vender férias.
- Eu saí de uma empresa onde trabalhei por quase seis anos e recebi mais de sessenta dias de férias não gozadas. Não sei onde eu estava com a cabeça quando assinei um papel que me dava o direito de aproveitar trinta dias de férias e resolvi ficar lá enfiada no escritório. Fiz isso duas vezes em seis anos, percebem? Por quê, gente?
- Eu já mudei a data de férias porque um chefe pediu; coisas do tipo “o projeto não pode atrasar” ou “preciso muito de você neste exato período”. Eu já deixei de tirar férias um ano inteirinho porque não deu (mesmo motivos anteriores). Eu já tirei férias exatamente no período que meu chefe autorizou + meu marido na época não conseguiu tirar férias no mesmo período + foi de última hora e tudo estava caro pra viajar = eu fiquei sozinha em casa sem fazer nada uma semana.
- Eu já caí no conto “é impossível tirar trinta dias corridos” e “piquei” minhas férias em vários pedacinhos.
Não quero dizer que a gente trabalha *apenas* para poder tirar férias remuneradas. Mas férias são um direito e um período necessário para podermos viver melhor e todo mundo deveria sempre gozar as férias que tem direito. Esse verbo é ótimo para se referir às férias, aliás.
Ditas as babaquices e meu conceito de férias, passo para os filhos.
Crianças têm férias escolares em dezembro, janeiro e julho. Sempre foi assim. Com ajuda de familiares e de pais que não ficavam vendendo/ ignorando/ adiando férias, eu sempre aproveitei minhas férias escolares como uma criança deve aproveitar: descansando em casa, viajando, curtindo meus amigos. Mas aí eu virei mãe e virei high user de curso de férias.
Nos dias de hoje existe esta modernidade, curso de férias. Você paga para os filhos poderem frequentar a escola nos meses de janeiro e julho, exatamente nos mesmos horários. É claro que a programação é divertida, com muitas brincadeiras, oficinas e tal, mas eles continuam indo para a escola. Se a escola dos seus filhos não oferece curso de férias, nem se preocupe: existem lugares que não são escolas e que oferecem cursos de férias para os pais poderem trabalhar. E não estou criticando quem oferece curso de férias, acho ótimo que existam estas opções, de verdade mesmo. Estou me criticando por ter usado demais estes serviços até outro dia. Porque tinha outro problema: sempre existe o recesso de Natal e Ano Novo das escolas, uns 15 dias. As crianças ficam em casa e as empresas descontam esses 15 dias das férias se precisarmos ficar junto com elas. Aí sobram só outros 15 dias para distribuir entre os meses de dezembro, janeiro e julho. Como faz? Curso de férias.
Logo que tirei o sabático, passamos mais de metade do mês de julho viajando com as crianças e foi demais. Neste final de ano pela primeira vez na vidinha escolar meus pequenos tiraram mais de um mês de férias e estou mega feliz por ter dado isto para eles. Viajaram com o pai no final do ano e agora estamos curtindo as férias de janeiro em São Paulo, porque o tio está trabalhando. De forma alguma está sendo um tédio, cansativo ou desesperador. Estou adorando, mesmo estando aqui cozinhando almoço e jantar e mantendo a casa em pé. Fizemos vários passeios paulistanos (basicamente museus, parques e cinema) e passamos bastante tempo em casa, assistindo filmes, brincando de massinha, montando quebra-cabeças e usando os brinquedos. Não me preocupei em ocupar bastante a agenda deles ou mantê-los bem cansados. Pelo contrário, deixei os dois à toa bastante tempo, para escolher a brincadeira que quisessem ou para passar mais tempo vendo filmes. Acho que entra na minha definição de férias a liberdade de não fazer nada super programado ou super educativo.
Semana que vem as aulas começam e eu volto a trabalhar direito (porque, sim, até consegui trabalhar mais ou menos com eles em casa – mas foi bem mais ou menos). Estão descansados, relaxados, com baterias recarregadas e bem animados.
Toda criança merece tirar férias, por isso na minha lista de prioridades para me reencontrar na minha carreira incluí “conseguir deixar meus filhos tirarem todas as férias que merecem”.
Acabo de ler seu blog inteirinho em dois dias. AMEI. Você é maravilhosa! ❤
obrigada, obrigada, obrigada!