Final de sexta-feira santa com chuva, preguiça e silêncio na casa: cachorro dormia, crianças assistiam TV e mamãe fatiava berinjelas para uma lasagna. Até que – malditos orgânicos, que se eu consumisse agrotóxicos talvez estivesse livre dessas coisas – um bichinho de berinjela pula na tábua onde eu estava cortando os legumes.
Tenho um problema sério com seres rastejantes que se locomovem sem pernas. Minhocas, taturanas, lesmas, lagartas, caramujos, cobras, todos eles me fazem gritar como louca, como se eu tivesse visto um monstro, e não consigo parar até alguém me chacoalhar e mandar parar. Isaac já sabia disso. Uma vez estávamos andando numa calçada e demos de frente com uma taturana verde listrada horrorosa e eu gritei, gritei, gritei e só consegui parar quando atravessamos a rua, porque não fui capaz de passar ao lado da taturana. Na volta, ele me segurou com as duas mãos, pediu para eu ficar calma e não gritar, mas não consegui. Gritei e tive que atravessar a rua de novo.
Quando eu comecei a gritar na cozinha na frente do bicho de berinjela, eles vieram os três correndo – crianças e cachorro – e começaram a gritar junto comigo. No meio da gritaria, começo um diálogo com a Ruth, aos berros:
– É UMA TATURANA?
– NÃO!
– ELA QUEIMA?
– NÃO!
– ELA MORDE?
– NÃO!
– ELA VAI MACHUCAR ALGUÉM?
– NÃO!
– ENTÃO POR QUE VOCÊ TÁ GRITANDO?
– NÃO SEI!
Ruth, não sei viver sem você. Não sei viver sem você pegando um guardanapo e colocando o pobre bichinho de 1 (UM) centímetro no lixo e olhando pra mim pensando se devia mesmo se sentir segura com uma mãe dessas. Obrigada, Ruth.
hahaha… heroína da mamãe Ruri… parabéns Ruth!
[…] Ruth, eu não quis te contar a verdade, então disse que você tinha razão e que a mamãe é confusa. Mas aconteceu esta semana que pus os dois para dormir e saí andando pela casa totalmente no escuro e sentei no sofá da sala com tudo apagado e resolvi que ia ler absolutamente todas as notícias do fidi do feicebuqui e quando olho para o lado e dou de cara com a versão O Chamado de cabelos cacheados e gritei igual quando vejo taturana. […]