O lar e as mulheres

Fui casada com um cara que deve mandar ver em discursos feministas por aí, e morávamos com meus dois filhos. Vocês devem saber a quantidade de roupa suja que quatro pessoas geram e um dia eu disse que aquilo estava demais para eu fazer sozinha (colocar na máquina separado por cores, tirar da máquina, separar o que tinha que ser passado, dobrar o que não seria passado e guardar tudo no armário). Aí eu sugeri que eu continuaria a lavar tudo, mas que só iria separar, dobrar e guardar as minhas roupas e das crianças, e que deixaria as roupas deles já lavadas em um cesto para que ele fizesse o mesmo.

Tá.

Mas não teve uma única vez que ele fez isso. Em uma semana o cesto foi acumulando roupas limpas, e quando não tinha mais cueca e meia dobradinhas no armário, ele reclamou. “Nossa mas parece que moro sozinho chego em casa cansado e tarde do trabalho e ainda tenho que arrumar minhas roupas”. Coitado. Mas como eu não ia fazer, ele deu para outra mulher fazer: a diarista que vinha algumas horas na semana nos ajudar com outras coisas passou a separar, dobrar e guardar as roupas dele. E eu posso jurar de pés juntos e apostar um bom dinheiro que até hoje é uma mulher que cuida do serviço doméstico na casa dele. (e, calma, antes de me perguntar qual o problema em pedir isto para a diarista, mentaliza aquele relatório mala e desnecessário que seu chefe te mandou fazer e se coloca no lugar dela)

Por que tô falando isso? Porque vocês tão chocadas com o discurso do Temer, e eu tô chocada mesmo com minha própria vida. Affff.

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