Quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, queria ser decoradora ou arquiteta. Na época, minha mãe me deu régua, transferidor e compasso e eu passei meses projetando o quartinho da minha filha adotiva. Eu já pensava em adotar desde muito nova. E, apesar de nunca ter dito isso em voz alta até outro dia, nunca tive vontade de engravidar. O que eu mais queria era ser mamãe, mas não necessariamente ter um bebezinho dentro da minha barriga.
Em algum momento nós já falamos em ter um ou dois filhos biológicos antes de conversar sobre adoção. Mas essa é uma ideia que me incomoda até hoje: isso para mim se parece mais com um ato de caridade do que com a vontade de ter um filho. Parece que só iríamos pensar em adotar uma criança se tivéssemos condições para ter mais um filho, como se fosse uma decisão baseada em dinheiro.
Eu queria que a adoção fizesse parte do planejamento da família, até porque sempre falava sobre adoção quando o assunto “filhos” entrava em pauta desde o tempo de namoro. Se para mim a adoção era um dos meios para se ter um filho assim como a gravidez, não havia motivos para deixar para falar sobre isso só se tivéssemos as tais “condições”.
Eu virei mamãe do jeito que eu realmente queria virar: através da adoção. Tenho um super orgulho dos meus bebês e nunca me passou pela cabeça que vamos ser menos felizes porque eles não são meus filhos biológicos. Por ter adotado duas crianças, atingi minha capacidade máxima de ser mamãe, e tenho certeza que nunca vou ser menos feliz por nunca ter engravidado. A verdade é que quando eu penso nos meus filhos e em tudo o que sinto por eles, tenho vontade de adotar de novo. Acho que se eu um dia enlouquecer completamente, ficar totalmente pirada e resolver ter o terceiro filho, vou considerar de novo a adoção.