2016 começou mal e eu vivi os piores meses da minha vida inteira até agosto. Mas a verdade é que a vida já vinha difícil nos dois anos anteriores, com muitas peças fora do lugar. Aí eu passei oito meses lamentando 2016 como todo mundo, por todas as separações, tragédias, golpes, doenças e coisas esquisitas que aconteceram comigo e com o mundo.
E aí setembro chegou junto com a primavera e os astros se alinharam e o universo conspirou a meu favor e de repente eu tive a vida que eu sempre quis ter: feliz de verdade. Sem nada fora do lugar. Sem nada me incomodando ou me chateando. Só com coisas boas.
Meus filhos estão na melhor fase possível. Tô adorando ter criança mais velha, cinco anos é uma idade linda e acho que daqui pra frente só vai melhorar até chegar a adolescência. Eles estão companheiros, divertidos, curtindo uns programas mais legais, aventureiros e fáceis. Passou aquele stress de correr de mim, de mexer em tudo, de se jogar no chão no meio da rua, de eu ter preguiça de sair com eles. Tá muito divertido, meus pequenos. E ser mãe de criança de 5 anos aos 35 é bom demais, porque eu me sinto ótima para curtir o resto da minha vida e já dei check no projeto maternidade da minha vida. Daqui pra frente é só curtir.
Eu e o pai deles também estamos na melhor fase desde a separação e a guarda compartilhada foi a melhor coisa que inventamos para esta família. Todos os quatros saímos ganhando – as crianças principalmente – e nosso relacionamento de pais separados nunca esteve tão bom. E essa nova dinâmica de dividir bem o tempo das crianças com o pai e com a mãe faz com que nós dois tenhamos bastante participação na vida deles e também bastante tempo para cuidar do trabalho e das baladas.
Ter mais tempo para cuidar do trabalho também me ajudou a finalmente encontrar um modelo perfeito para conciliar consultoria com doutorado com maternidade e eu encontrei os melhores parceiros de trabalho nos últimos meses. E, por sorte, trabalhei com uma equipe no cliente que era divertida demais e senti diariamente um prazer por sair cedo de casa e ir para o escritório que eu não sentia há mais de três anos. E agora eu sou oficialmente doutoranda e pude escolher a faculdade que quero fazer e tô feliz da vida que vou voltar a ser estudante ano que vem.
E, apesar de ter mais tempo, eu também aprendi neste ano que tempo é um recurso finito, escasso e não renovável e não usar bem nosso tempo é o pior negócio do mundo. Eu aprendi que tempo é uma das coisas mais maravilhosas que nós temos e passei a cuidar bem do meu tempo e a usar bem meu tempo para o que me faz feliz. Não faço coisas que não gosto ou que não me dão prazer. Dou meu tempo para as pessoas que importam. Organizo bem o tempo de trabalhar, de estudar, de ficar com Isaac e Ruth, de fazer esportes e de fazer coisas que me divertem. Acho que fui em mais shows, peças, filmes e exposições nos últimos quatro meses que nos últimos quatros anos. E decidi que não ter companhia nunca mais vai ser motivo para não fazer alguma coisa que quero muito porque ou eu vou sozinha ou eu vou fazer novos amigos com os mesmos hobbies. E essas duas coisas funcionam que é uma beleza.
Falando em amigos, vou escrever um parágrafo bem sentimental porque eu confirmei este ano que eu tenho os melhores amigos dessa vida. Passei por coisas super chatas que alteraram meu humor e minhas emoções, que me deixaram um tempo com dores e com limitações e eu precisava de ajuda pra tudo e que me deixaram amarga e eu tive meus amigos por perto o tempo todo. Bem perto. E a maior prova de amor que recebi de todos eles foi que eu não sou só legal quando estou empolgada para sair, mas também quando estou reclamando e chorando e não conseguindo me mexer direito. Minha vida não teve essa de ah-os-amigos-se-afastam-quando-estamos-com-problemas porque meus melhores amigos ficaram o tempo comigo e estão aqui comigo até hoje e é por isso que nunca fui tão feliz, porque nunca senti tanto amor.
Amanhã é nosso primeiro dia de férias e eu estava precisando muito tirar férias depois desse ano que passou, principalmente porque eu só consegui sair de férias no dia 22 de dezembro porque literalmente o ano parecia não acabar nunca mais. Mas parei de ser injusta com 2016 e de ficar dizendo que só me aconteceram coisas ruins porque não é verdade. O ano foi incrível. Nunca aprendi tanto, nunca cresci tanto e nunca me senti tão bem como me sinto agora. 2017 vai ser melhor ainda porque estou deixando todas as coisas ruins em 2016 e começando um ano com tudo zerado. R.I.P. 2016, obrigada por tudo e feliz ano novo!