Grateful for 2018

Não quero nem sou de fazer drama, mas a verdade é que os últimos anos da minha vida foram bem difíceis. Depois de 2012, a coisa toda desandou. Em 2012 comecei este blog porque iniciei o processo de adoção. Fiz um projeto de dois meses na África do Sul, que foi uma das experiências mais maravilhosas da vida, as crianças chegaram, tirei uma licença maternidade que foi incrível para nós, recebi um aumento considerável no salário no final do ano, 2012 foi um ano bom.

Depois fudeu.

Em 2013 eu voltei ao trabalho e descobri a caca que é conciliar carreira e maternidade. E me separei do meu primeiro marido, que foi sofrido e minha vida ficou muito difícil. Eu também fiz uma escolha errada ao trocar de emprego, e fui parar em um lugar que não gostei.

Em 2014, ainda vivendo a crise competitiva entre o que eu fazia pior, a carreira ou a maternidade, eu fui demitida. A demissão teve um lado bom de ganhar uma graninha extra, porque eu já estava engatilhada em outro emprego, mas teve o lado horroroso de se sentir descartada, colocada na rua, foi ruim.

Em 2015, eu pedi demissão para iniciar um sabático e pensar o que fazer da vida, depois de mais uns meses em outro emprego que também não me fazia feliz. Neste ano eu casei de novo, a decisão mais errada da vida. No mês 3 eu já estava me questionando que merda eu tinha feito, e iniciava aí a série de meses intermináveis e infelizes de brigas, machismo, divisões desiguais do trabalho doméstico, ciúmes, essas porcarias todas.

Em 2016 eu me separei pela segunda vez. Embora aí sim eu tenha feito uma decisão acertada, bem mais acertada que me separar do primeiro marido, foi um período ruim, sempre é duro. Eu estava então sozinha, desempregada (porque a gente só chama sabático de sabático quando estamos bem, quando estamos na merda se chama desemprego mesmo), com dois filhos pequenos, vários boletos pra pagar, e ainda numa briga imensa por causa de pensão com meu primeiro ex marido. Mas a cereja do bolo ainda estava chegando: o primeiro câncer de mama.

Em 2017 as coisas estavam querendo melhorar, eu estava feliz, tranquila, trabalhando em um lugar onde eu consigo ser mãe também, super amiga e resolvida com meu primeiro ex marido – pai dos meus flhos, tinha começado o tão sonhado doutorado e estava namorando o cara perfeito (segue aqui comigo até hoje). Mas veio o segundo câncer de mama, a mastectomia bilaterial, dores dos infernos que me perseguiram por quase um ano, medos, dependência dos outros para fazer coisas simples.

Mas 2018 foi o ano. O ano produtivo, o ano feliz, o ano que tem essa lista aí de coisas que fazem meu coração pular de alegria:

  • Publiquei 4 artigos em congressos, 3 deles internacionais
  • Escrevi com colegas um capítulo de livro (já aprovado) para uma editora americana
  • Submeti 1 artigo de revista (ainda em análise)
  • Tirei A na última disciplina que faltava para completar os créditos do doutorado (nas outras também tirei A em tudo porque sou nerd)
  • Fiz dois projetos grandes de consultoria e dei um monte de treinamentos corporativos
  • Fiz uma parte grande da pesquisa de campo para o doutorado
  • Fiz duas corridas de rua de 5k
  • Fiz um short triathlon, que concorre aí como a coisa mais legal que fiz no ano
  • Não fiz a Fuga das Ilhas porque a prova foi cancelada, mas eu treinei tanto no mar e na represa que vou considerar na lista de coisas legais de 2018 também
  • Voei 99 vezes
  • Fiz quatro viagens maravilhosas de férias (NY com o namorado, Floripa com as crianças, trilha de Salkantay-Peru sozinha, travessia do Vale do Pati com o namorado)
  • Subi outras 3 montanhas (Pico da Bandeira, Pedra Grande de Atibaia e Pico da Onça)
  • Comprei um bicicleta nova porque queria fazer triathlon e ela já tem muitos km rodados (com RP de 80Km em um dia)
  • Voltei a fazer tudo o que a mastectomia dificultou: pilates, yoga, corrida, bike e natação
  • Isaac e Ruth passaram de ano, alfabetizados e fazendo contas com as 4 operações (foi um processo bem difícil esse negócio de criança que tem prova na escola, meldels)
  • Fiz muitos rolês de final de semana em Cunha, Campos do Jordão, Paraty, Brasília, Ilha Comprida, Inhotim, Santo Antônio do Pinhal, São Francisco Xavier, além dos bate-e-volta para treinar no Guarujá, Santos e Romeiros
  • Consegui fazer Ernesto parar de latir feito louco quando saímos de casa e até fui elogiada pelos vizinhos pelo silêncio
  • Não fiz as unhas nem escova o ano todo e me sinto linda
  • Completei  dois anos do melhor relacionamento que já tive

Eu aceito o que vier em 2019, mas eu vou fazer a minha parte para ter mais anos como 2018 na minha vida. Obrigada, 2018. Pode vir, 2019.

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