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Adotem irmãos!

Isso tudo mundo sabe: um dos motivos pelos quais a espera pelo filho adotivo pode ser longa é porque muitos pretendentes querem apenas uma criança e boa parte das crianças que procuram uma nova família têm irmãos. E aí a conta não fecha.

Só que eu não entendo por que vocês não querem adotar duas (ou mais) crianças, gente. Não entendo.

Vocês podem me dizer que já têm outro(s) filho(s)  e querem só mais um, vá lá, mas duvido que seja o caso da maioria. Acho que a maioria dos pretendentes ainda não têm filhos, mas é um chute. Assumindo que a maioria dos pretendentes ainda não têm filhos, eu não consigo entender MESMO.

Porque, pessoas, é assim: ter um filho só na vida é muito egoísmo, tá? Nenhuma outra desculpa cola. Vocês querem dar tudo do bom e do melhor para o filho único, né? Coisas materiais, vocês querem dizer, porque amor, atenção, afeto e carinho não têm limites no estoque de um pai ou de uma mãe. Vocês querem dar todo o dinheiro de vocês para um único filho, então. Mas eu não trocaria minhas irmãs por uma escola bilíngue, por férias na Disney, por várias atividades extracurriculares e videogames.

É mais fácil ter um filho só, eu sei, porque quando estou com apenas um dos meus filhos eu vejo o quanto é fácil. Menos difícil, na verdade, porque filho nenhum é fácil. Nem deveria ser fácil. E é fácil só para os pais. Para a criança, ser filho único não deve ser mais fácil. (amigos queridos que têm só um filho, não me odeiem)

Eu acho muito egoísmo privar o próprio filho de uma das coisas mais bacanas, mais lindas, mais imensuravelmente legais que a gente pode ter na vida: irmão. Aquele com quem a gente brinca, com quem a gente briga, que esconde as bobagens que a gente inventa de fazer, que divide a mesma mãe e/ ou mesmo pai para reclamar deles, que nos faz companhia, que na vida adulta vira tio(a) dos nossos filhos e que divide as preocupações com nossos pais velhinhos. Se querem dar tudo do bom e do melhor para seus filhos, comecem dando para eles irmãos.

Ah, mas adotar duas crianças de uma vez só é muito difícil. É mesmo. É destruidor, avassalador, abala as estruturas da família toda. É tipo um atropelamento diário. Mas vocês podem optar por puxar o band-aid de uma vez só ou ir de pouquinho em pouquinho. Essa segunda opção traz duas desvantagens, na minha humilde opinião: 1) vocês vão enfrentar duas (ou mais) vezes a fila de espera pelo filho e 2) quando você achar que a criança número 1 está perfeitamente adaptada na família, a criança número 2 vai chegar e bagunçar tudo de novo. Você vai adaptar duas crianças a uma nova dinâmica na família de qualquer jeito, sorry. Parem de sofrer para entrar na piscina gelada. Pulem logo de uma vez!

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Agora minha mãe tem whatsapp e 3G, uma evolução na vida de minha pessoa. Falamos muito, ilimitadamente, mandamos fotos, emoticons, uma modernidade. Me lembro com saudade do dia em que ela ganhou um computador com internet no trabalho e começou a nos mandar e-mails – até aprendeu a usar reply all para falar comigo e com minha irmã ao mesmo tempo. Parece que foi ontem. Hoje ela tem whatsapp!

Aí ela me manda mensagem fofa de mãe às dez da noite para saber se eu tô bem e como foi meu dia:

– Tô bem! Voltei para a academia!

– Mas academia é de manhã, né?

– Mas hoje eu fui à noite.

– E quem ficou com a Ruth e Isaac?

– Ninguém. Eles nunca acordam mesmo.

Aí eu vejo aquele typing infinito e mensagem que não chega nunca. Certeza que o coração parou.

– Mas que medo de acontecer alguma coisa! Você não tem medo?

– ESTOU BRINCANDO, MÃE.

– Ah bom, que susto. Você não seria tão louca, né?

– MÃE!

Nada como confiar em nossos filhos, né, mãe?

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Dois!?!??!???

– O quêêê??? Você já tem DOIS filhos????

Ok. Confesso. Eu faço de propósito. Sempre dou um jeito de falar das crianças para as pessoas que acabei de conhecer, para clientes, para amigos de amigos. Adoro contar para as pessoas que tenho dois filhos, porque invariavelmente a reação é esta, seguida de comentários como “mas você é tão novinha!”. Faz bem pro ego, juro.

And you think you have to want more than you need

Para gente cantar juntos na noite de revéillon, bebês.

Oh, it’s a mystery to me
We have a greed with which we have agreed
And you think you have to want more than you need
Until you have it all you won’t be free

Society, you’re a crazy breed
Hope you’re not lonely without me…

When you want more than you have
You think you need…
And when you think more than you want
Your thoughts begin to bleed
I think I need to find a bigger place
Because when you have more than you think
You need more space

Society, you’re a crazy breed
Hope you’re not lonely without me…
Society, crazy indeed
Hope you’re not lonely without me…

There’s those thinking, more-or-less, less is more
But if less is more, how you keeping score?
Means for every point you make, your level drops
Kinda like you’re starting from the top
You can’t do that…

Society, you’re a crazy breed
Hope you’re not lonely without me…
Society, crazy indeed
Hope you’re not lonely without me…

Society, have mercy on me
Hope you’re not angry if I disagree…
Society, crazy indeed
Hope you’re not lonely without me…

No metrô

Um senhor puxando assunto:

– Seus filhos são lindos!

– Obrigada.

– São gêmeos?

– São sim.

– Eu também sou gêmeo.

– Que legal.

– Qual o nome deles?

– Isaac e Ruth.

– Eu sou Adão e minha irmã é a Eva.

– Ok, moço, o senhor venceu.

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Não tem carro

– Mamãe, por que você não tem mais carro?

Impressionante, né? O Espírito Paulistano tá no sangue. A criaturinha não fez nem 4 anos e estranha o fato de a mãe não ter um carro. Vira e mexe um deles vem me perguntar por que não temos carro ou se vou comprar outro carro.

Filhos, não, não vou comprar outro carro. Não ter carro era uma coisa aspiracional, um desejo distante, que eu achava ser possível de realizar. Principalmente em São Paulo. Principalmente com duas crianças pequenas. Principalmente solteira. Mas eu consegui. Nós conseguimos! Uhu!

Morro de orgulho de mim mesma porque estou há 5 meses completinhos sem carro, vivendo sem carro, não desejando um carro, detestando a ideia de voltar a ter carro, feliz da vida porque eu sei viver sem carro.

Sabem o que acontece? Vamos lá:

  • Sabem o preço do combustível? Pois é, nem eu.
  • Sabem aquele motorista folgado que embicou o carro na vaga de estacionamento na sua frente enquanto você aguardava pacientemente? Nem eu.
  • Sabem aquele juquinha que te fechou e ainda xingou todas as suas gerações? Também não sei.
  • Sabem aquele trânsito infernal em dias/ horários totalmente improváveis? Eu desci do taxi ou do busão e andei livremente a pé.
  • Sabem aquele medo de alagamentos que a gente tinha na época em que ainda chovia nesta cidade? Tô longe disso.
  • Sabem IPVA, renovação do seguro do carro, revisão anual, inspeção veicular (ainda existe isso?), licenciamento, multas, manutenções? Credo.
  • Sabem frentista querendo trocar alguma coisa quando pede para “olhar a frente”? Como é que abre a frente do carro mesmo?
  • Sabem aquele vizinho que todo dia abre a porta na vaga ao lado e dá uma arranhadinha na sua porta? Passado.
  • Sabem o que é pagar R$ 50 para o manobrista ou para o estacionamento? Ha ha ha.
  • Sabem o que é chegar em um lugar no horário certo, não encontrar vaga para estacionar e se atrasar? Oi?

Toda vez que alguém me conta uma história envolvendo seu próprio carro (tipo essas aí em cima), eu fico muito aliviada. A vida é muito mais leve sem carro. Usamos metrô, ônibus, perua escolar, taxi e até já alugamos carro para viajar e tudo isso custa menos do que manter um carro. Dá menos dor de cabeça também. É tudo mais simples.

Filha, hoje você me perguntou se a mamãe não tem dinheiro para ter um carro. Não é por causa do dinheiro. Mamãe fez uma escolha, que foi usar nosso dinheiro para coisas que realmente nos deixam felizes. E carros não nos deixam felizes.

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Faqueiro

O problema de morar com duas crianças de 3 anos e ninguém mais é eles irem dormir às 20h e eu ficar falando sozinha até a hora de deitar. De qualquer forma, eu queria falar com eles sobre assuntos que eles não iriam entender, acho.

Tipo, qualéquié os faqueiros de casamento?

Minha mãe também tinha um. Caixa imensa, cheia de coisa bonita, que a gente guarda bem guardadinho pra impressionar as visitas.

Eu casei e ganhei. Até talher pra comer peixe tem. Alguém usa garfo pra comer peixe, aliás? E tava guardado tão bem guardado que nem visitas tinham a honra. Eu nem conseguia alcançar lá na última prateleira. E pior, depois de usar, tinha que limpar e guardar tudo nos nichos certinhos pra conseguir fechar as gavetinhas, então o melhor mesmo era não usar.

E assim muitas famílias guardam lindos faqueiros no armário e usam garfos amassados no dia a dia.

Aqui em casa não vai ter isso, não, filhos. Na mudança, mamãe deixou pra trás os talheres de todo dia e amanhã vocês vão comer banana com aveia e canela com garfo chique, que depois de lavado vai ser guardado na gaveta mesmo. Porque vocês são muito mais importantes que qualquer visita e merecem. Se cair no chão e amassar, sipreocupem não, que ainda por cima temos doze peças de cada coisa. Dá e sobra!

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Frozen

O que eu acho mais legal nessa enxurrada de Frozen na minha vida é ser um desenho onde a protagonista congela o verão. Tem coisa mais linda que congelar o verão? Linda demais essa história. É o que eu chamo de conto de fadas, gente!

Adoro com ela fala: “o frio não vai mesmo me incomodar”. Não, não mesmo, Elsa. Tudo o que eu queria era brincar na neve agora.

Filhos, mamãe tá cogitando uma mudança para um país onde a máxima seja 22C o ano todo, tá? Vão se preparando.

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Explica?

É madrugada. Estou no quarto com uma amiga e um amigo e decidimos chamar uns gogo-boys. Os moços começam a chegar e a se arrumar para o show.

Ouço uma batida na porta do quarto, abro e vejo minha mãe carregando uma bandeja de café da manhã para mim, ao lado dos meus dois filhos. Fico brava com ela, mando-a ir embora e coloco os bebês de volta para dormir.

Tentamos começar o show. Ouço uma música alta na sala e vou até lá. Minha irmã tinha contratado uma banda. No sofá, vejo meu pai, minha madrasta e minha vó assistindo o show (o que estava rolando na sala, não no quarto). Começo a implorar desesperada para que todo mundo vá embora, porque aquela bagunça vai acordar os bebês.

Acordei.

Freud explica?

 

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Carteirinha de estudante

Filho e filha,

Mamãe já vai fazer 33 anos e não estuda mais há muitos anos. A essa altura da vida, também convivo com pouquíssimas pessoas que ainda estudam. Mas, curiosamente, ainda convivo com muitas pessoas que usam carteirinha de estudante. Estranho, né? Também acho. 

Funciona assim, meus queridos: os estudantes têm direito a pagar meia entrada no cinema, no teatro, em shows e outros eventos. Por isso paguei apenas metade do valor do ingresso do teatro para cada um de vocês quando fomos assistir o Mágico de Oz. Será assim durante muitos anos, porque vocês ainda estudarão durante muitos anos. Mas aí vocês terminarão os estudos e esse direito também terminará, ok?

Algumas pessoas não estudam mais, mas resolvem falsificar a carteirinha de estudante para continuar usufruindo de um direito que não é mais delas. Isso é muito feio. Algumas dessas pessoas comemoraram muito a recente prisão de políticos corruptos, sem conseguir enxergar que elas também enganam e roubam. Não roubam tanto dinheiro, mas os conceitos de “enganar” e “roubar” são os mesmos, tá?

“Ah, mas as coisas são tão caras” – elas vão argumentar. “Não dá para pagar R$ 600 em um show”. Concordo. As coisas são caras e nem sempre temos dinheiro para fazer tudo o que queremos. Mas eu quero ensinar para vocês que quando acho alguma coisa cara, eu escolho não comprar e nunca escolho roubar. Nós não devemos roubar essa coisa porque não pretendemos pagar por ela. Quando acho que um par de sapatos está muito caro, eu não pago por apenas um e roubo o outro da loja. Eu não compro. Ponto.

Então, meus lindos, por favor, prometam para a mamãe que nunca na vida irão falsificar carteirinha de estudante, tá? Isso vai me deixar muito triste.

um beijo

Mamãe Ruri

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